
A última reunião ordinária da Câmara Municipal de Itabirito, realizada na noite dessa segunda-feira (27), foi marcada por diversas críticas à Prefeitura de Itabirito. Foram várias as reclamações levantadas pelos vereadores, com base na atuação do Executivo. Aqui, destaca-se a fala do vereador Anderson Martins do Sou Notícia (MDB) e a fala do vereador Léo do Social (PSDB).
Anderson Martins
“Quando somos ignorados ou repreendidos, na verdade isso é feito contra o povo, pois é o povo que está na fila esperando cirurgia”, afirmou o vereador Anderson Martins, durante sua fala na reunião da Câmara.
Anderson disse não entender a dinâmica adotada pelo Executivo. “Estamos em 2023, terceiro ano de mandato desta Casa e, junto conosco, o Executivo também. O Executivo está na casa dos quase 800 dias trabalhando, executando, fazendo aquilo para o qual ele foi eleito. Porém, nesses últimos dias, tenho recebido muitas reclamações. Eu fico preocupado e sem entender a dinâmica do Executivo. É bom separar as coisas, porque as pessoas as vezes acham que é a Câmara Municipal que executa obras na cidade; que é ela que asfalta, faz drenagem, está nas UBSs, na UPA. Como vimos esse manifesto que veio do jurídico da prefeitura, rebatendo algumas práticas constitucionais de alguns parlamentares. O Legislativo tem uma prerrogativa e o Executivo tem outra prerrogativa”, considerou o vereador.
O vereador exibiu uma reclamação de um morador do bairro Calçadas sobre a falta de capina na localidade. “Nesses quase 800 dias que o Executivo está trabalhando para Itabirito, eu fico preocupado. Recebi um pedido no meu WhatsApp e a pessoa disse o seguinte: ‘Olá, senhor prefeito de Itabirito. Favor mandar o pessoal da capina dar um jeito no bairro Calçadas, em frente ao ponto final da lotação. Está uma vergonha. Está mais parecendo uma floresta amazônica do que um bairro. O ponto de ônibus está cheio de mato; de galhos, árvores, ao lado da ponte, e está atrapalhando a lotação de virar.’ O pessoal da capina não tem culpa. Na verdade, houve um processo licitatório e a empresa que ganhou a licitação desistiu de prestar o serviço”, informou.
“Se com quase três anos de mandato até hoje não conseguiu resolver o problema de capina, eu vou perguntar: vai esperar chegar o quarto ano? Eu quero me dirigir ao prefeito e dizer que o senhor é bem-intencionado, mas isso não adianta se quem está te assessorando é ruim de serviço. E isso não é perseguição. É o nosso papel constitucional. Fomos eleitos para isto e agora eles estão ignorando os vereadores”, pontuou Anderson.
Por fim, ao falar sobre o carnaval de Itabirito e mencionar o assassinato ocorrido na madrugada de terça-feira (21), o vereador se indignou com o descaso ao livro Itabirito: Um Século de Encanto, obra de Ivacy Simões. “Esse foi o pior carnaval da história de Itabirito e terminamos o carnaval com o assassinato de um homem que foi esfaqueado. Eu quero destacar aqui a presença do nosso querido Ivacy Simões que está aqui, porque o Ivacy pediu à prefeitura para comprar alguns livros dele. A Secretaria de Cultura negou a compra desse livro, um livro top, que fala da história da cidade, no ano do centenário. Um cara que foi vereador desta Casa por sete mandatos, mas a Secretaria de Cultura investiu mais de R$ 40 mil no rap. Em trios elétricos houve um investimento de R$ 300 mil. Ivacy, eu te peço perdão em público. O senhor não merecia isso, mas dias melhores chegarão”, concluiu o vereador.
Léo do Social x Celina
Ao pedir um espaço para também manifestar sua insatisfação, o vereador Léo do Social (PSDB) criticou um ofício encaminhado pela procuradora jurídica consultiva da Prefeitura de Itabirito, Celina Rodrigues, à Câmara Municipal.
O documento enviado para a Casa Legislativa trata sobre solicitação de esclarecimentos a cerca da celebração de convênio de cirurgias eletivas, bem como esclarecimento público acerca da atuação da Procuradoria Jurídica Consultiva, após uma fala do vereador na reunião da Câmara do dia 13 de fevereiro.
“Eu quero deixar registrado que mais indignado ainda eu fiquei com essa resposta da procuradora jurídica consultiva Celina Rodrigues. Eu até mandei uma mensagem para o prefeito Orlando perguntando se ele estava ciente disso, porque eu como vereador de base, eu acho que é uma assinatura de que a pessoa, além de não conseguir agregar, ela está disposta a separar e trazer danos seríssimos não só para a saúde, para as obras, para licitação de urbanismo, porque tudo passa pelo jurídico, mas como também no cenário político do nosso município”, iniciou sua fala o vereador Léo do Social.
“O tempo que esse setor perdeu para pegar minha fala, pra escrever ela toda aqui novamente, pegando sugestões jurídicas, isso aqui nada mais é para mim do que um currículo de uma profissional vaidosa, que acha que as pessoas temem a ela, mas eu quero dizer pra ela que a diferença é que nós ocupamos dois cargos públicos, só que o meu é eleito. Eu devo a 844 pessoas e que depois que eu assinei e fiz o juramento aqui, eu devo a mais de 50 mil habitantes. Ela deve a uma pessoa e nem o prefeito sabia disso. Irresponsável”, acrescentou.
“Se eu tivesse errado, doutora procuradora, eu não teria sido reeleito para meu terceiro mandato, entre o segundo mais bem votado de uma eleição. Eu estou aqui para representar o povo e vou continuar fazendo dessa forma. Isso aqui não me cala, não me deixa omisso. Isso só mostra que vocês estão com tempo demais”, concluiu Léo do Social.
Terminal de minério
Há quatro anos, a Bação Logística S/A (BL) – fundada como sociedade anônima de capital fechado em 2014 – tenta implantar o terminal. Há quatro anos, a Associação Comunitária de São Gonçalo do Bação luta para evitar.
Elias Costa Rezende, morador da localidade desde 2003, membro da Associação Comunitária e produtor de cachaça, foi na reunião da Câmar Municipal, levando consigo alguns dados para reforçar a preocupação com a poluição (do ar e das águas), bem como com a condição do tráfego de veículos e desvalorização cultrua na região.
“Nós queremos que a sociedade de Itabirito, por meio da Câmara Municipal, que é a porta-voz legítima dessa sociedade, se manifeste. É o mínimo que a população de São Gonçalo do Bação merece”, clamou Elias Costa Resende.
O vereador Anderson Martins também comentou sobre o assunto. “A verdade não pode deixar de ser falada. Vocês querem ter paz; sossego. Quando teve aquela enchente no ano passado, vimos a lama que estava no nosso rio, boa parte veio pelo Ribeirão Mata Porcos e dos lugares que a Vale e a Herculano, que teve uma barragem que se rompeu e rejeitos de minério estão até hoje dentro do curso do nosso rio. Eu quero me posicionar como um cidadão e um homem que foi eleito pelo povo. Pode contar comigo, independentemente de partido político, de esquerda ou de direita, somos por Itabirito e por todos”, afirmou.
“Eu fiquei comovido e o que pudermos fazer, dentro da nossa prerrogativa legislativa, será feito, pois nós não temos poder de execução. Eu acho que a Secretaria de Meio Ambiente tem que tomar as devidas providências. O prefeito eleito, escolhido pela população, precisa tomar as devidas providências. Nós ficamos impotentes de fazer algo. Temos o Conpatri, formado por membros da sociedade, a responsabilidade estava nas mãos deles. Eu até recebi o convite para participar de algumas reuniões e quero dizer para o senhor: essa luta não é só sua. Essa luta também é do meu gabinete; é do meu mandato. Pode contar que estamos juntos pelo senhor, para mandar ofício para o Estado e quem quer que for e que isso possa ser analisado”, disse o vereador Anderson Martins.
O vereador Léo do Social reforçou a importância da presença de Elias na reunião. “Só quem vive a realidade é capaz de trazer a importância dos fatos. Minha família é praticamente toda de São Gonçalo do Bação, Saboeiro e região, então eu fui criado vendo os valores que ali existem até hoje, valor cultural, social, o que engrandece aquela região, fazendo com que ela cresça até hoje”, enfatizou.
“Sabemos que é exigida análise dos impactos ambientais para a maioria dos empreendimentos, então talvez seja válido pegar esse material, neste novo momento, quando acabamos de passar por eleição, na qual elegemos deputados estaduais, e diante desses dados apresentados, e fazer um convite para o empreendedor, em cima desse documento, e escutar dele, tentar entender, e tentar ter um posicionamento mais assertivo, para ver o que pode ser feito e o que não pode, nos termos da Lei, da legislação ambiental. Eu tenho um posicionamento voltado para o social e cultural, então eu sei da importância dos empreendimentos. Ali estamos tratando de vidas, de pessoas, de cultura”, finalizou o vereador Léo do Social.
A reunião pode ser vista em: