Operação resgata 110 operários em condições análogas à da escravidão em Minas Gerais

Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 110 trabalhadores em condições análogas às da escravidão na construção de uma linha de transmissão de energia no leste de Minas Gerais. Os trabalhadores eram de estados do Norte e Nordeste e estavam alojados em condições precárias nos municípios de Conselheiro Pena e Governador Valadares, onde a fiscalização foi realizada entre os dias 29 e 30 de março.
O consórcio Construtor Linha Verde, formado pelas empresas Toyo Setal e Nova Participações, é o responsável pela obra que está sendo construída entre as cidades de Mutum e Governador Valadares. A fiscalização contou com a participação da Polícia Rodoviária Federal e do Ministério Público do Trabalho.
Após a fiscalização, os trabalhadores resgatados receberam suas rescisões, totalizando cerca de R$ 752 mil. Segundo o MTE, dos 110 trabalhadores em condições análogas à escravidão, 70 demonstraram interesse em permanecer como funcionários, mas o consórcio afirmou que está avaliando a possibilidade legal de recontratá-los.
O consórcio nega que os trabalhadores estivessem em condições análogas à escravidão e afirma que retirou os trabalhadores dos locais fiscalizados pelo MTE no mesmo dia em que a auditoria foi feita. A empresa alega que existem dificuldades características do tipo de construção que requer alojamentos provisórios para cada etapa da obra, além de dificuldade de infraestrutura na região.
O consórcio emprega 1.200 pessoas para a obra na região e todos os colaboradores estão devidamente registrados de acordo com a CLT. A empresa disponibiliza canais de comunicação para que os públicos interno e externo possam registrar queixas e reclamações.
O consórcio afirma ainda que acredita que a fiscalização na obra em nada se compara com o ocorrido com os trabalhadores no Rio Grande do Sul, quando foram encontrados em condições subumanas, tendo que pagar por suas moradias e recebendo alimentos estragados, em condições deploráveis, sendo submetidos a tratamentos desumanos e, em alguns casos, até tortura.