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Laudo do MPF mostra que a mineradora Samarco contaminou Rio Doce com formol

Um laudo solicitado pelo Ministério Público Federal (MPF) revelou que a Samarco, após o desastre de Mariana, utilizou de forma abusiva um produto contendo formol para tratamento da água, excedendo os limites permitidos. Essa substância é considerada tóxica e cancerígena quando ingerida em quantidades excessivas. As informações são do Metrópoles.

O estudo foi realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pelo Instituto Federal do Estado do Espírito Santo e pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (Facto). Os pesquisadores constataram níveis acima do permitido de Tanfloc SG no Rio Doce, na região de Colatina, Espírito Santo.

A Samarco fornecia esse produto para o tratamento da água entre 2015 e 2017, não apenas em Colatina, mas também em Galiléia, Alpercata, Governador Valadares, Belo Oriente, Pedra Corrida, Itueta e Aimorés, outras cidades abastecidas pelo Rio Doce.

O Tanfloc contém resíduos de formaldeído, conhecido como formol, e seu uso deve respeitar um limite de até 10 mg/L no tratamento de água. Nos testes realizados nas estações de tratamento de Colatina, foi constatado que o tratamento da água excedeu essa limitação.

Somente em Colatina, cerca de 7,39 milhões de metros cúbicos de água foram tratados com Tanfloc em uma dosagem acima do considerado seguro, de acordo com o estudo.

Em relação a essa questão, a Samarco alega que o Tanfloc não representa perigo, que foi utilizado de forma excepcional e que a responsabilidade pela dosagem aplicada recai sobre os Serviços Autônomos de Água e Esgotos municipais.

A ingestão de água contaminada com traços de formaldeído representa um risco e pode causar efeitos cancerígenos a longo prazo. Os pesquisadores chamam esse efeito de “toxicidade crônica”, capaz de causar tumores no corpo.

A Fundação Renova, composta pela Samarco, BHP e Vale para reparar os danos causados ao Rio Doce, afirma que a água do rio está própria para consumo humano desde 2016, apesar de estudos posteriores que contradizem essa afirmação, incluindo o laudo da Fiocruz.

O laudo da Fiocruz aponta que o Tanfloc SG, utilizado no tratamento da água, contém resíduos de formaldeído, uma substância tóxica que pode causar danos à saúde, dependendo do nível de exposição. Entre os efeitos negativos estão a perda de peso e o desenvolvimento de neoplasias. Essa substância é classificada como carcinogênica, tumorogênica e teratogênica.

Os autores do laudo também destacam a existência de uma alternativa ao Tanfloc SG, o sulfato de alumínio, que não poluiria a água com formol. Embora o sulfato de alumínio tenha sido utilizado no tratamento, exigia uma quantidade maior para limpar o mesmo volume de água, o que provavelmente levou a Samarco a optar pelo Tanfloc SG.

Moradores de municípios do Espírito Santo estão lutando por indenização devido ao uso do Tanfloc. Uma ação foi movida pela Associação de Produtores Rurais e Artesãos do Espírito Santo, pela Associação dos Moradores do Bairro Colatina Velha e pela Associação de Moradores de Vila Lenira, em Colatina.

De acordo com as associações, o tratamento inadequado da água pela Samarco afetou todos que dependiam do abastecimento do rio. O valor pleiteado na ação é de R$ 120 bilhões, abrangendo aproximadamente 585 mil pessoas.

O Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, expressou sua opinião em 2022 em relação à ação movida pelas associações, pedindo que elas sejam ouvidas nas discussões sobre o novo acordo de Mariana. A mediação dessas negociações está sendo conduzida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

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