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Tesouros históricos dos séculos XVII e XVIII voltam aos braços de Mariana

Como páginas de um livro antigo, mais de 30 documentos de inestimável valor histórico retornaram aos olhos ansiosos da população de Mariana, em Minas Gerais. Estes preciosos registros, vestígios dos séculos XVII e XVIII, foram resgatados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e agora, como fagulhas de memórias antigas, estarão disponíveis para pesquisadores e apaixonados pela história.

Na última quinta-feira (10), um evento repleto de emoção viu o Promotor de Justiça de Mariana, Guilherme de Sá Meneghin, e a historiadora Neise Mendes Duarte, da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico e Turístico de Minas Gerais, entregando pessoalmente esses registros a várias instituições. Entre elas, brilham o Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, o Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana, o Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais de Mariana, a União Espírita Mineira e o Arquivo Público Municipal de Ouro Preto.

Com luvas que respeitam a idade desses documentos e máscaras que não ocultam o entusiasmo, as mãos humanas os tocaram com uma delicadeza que só o tempo poderia ensinar. Helenice Afonso de Oliveira, guardiã do Arquivo de Ouro Preto, abraçou com carinho parte deste tesouro, enquanto o padre Leandro Ferreira Neves, do Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, acolheu com humildade e gratidão essas páginas que também são um capítulo da história da igreja e da comunidade local.

A jornada para recuperar e devolver esses documentos começou em 2009, quando o professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Marco Antônio Silveira, produziu um laudo pericial que desvelou o valor histórico destes achados na residência de uma moradora do distrito de Passagem de Mariana. Era um despertar do passado.

Em 2017, a 1ª Promotoria de Justiça de Mariana instaurou um Inquérito Civil para investigar o extravio dos documentos. Uma história reveladora emergia, onde a detentora do acervo os havia recebido como herança de seu pai, incluindo alguns de domínio público. Em 2019, o MPMG iniciou uma ação para a restituição desses registros. Em junho de 2022, um acordo foi costurado e selado pela Justiça, e a ré concordou em devolver os documentos a um perito designado pelo MPMG.

Este capítulo da história realça a importância da comunidade na salvaguarda de bens históricos e culturais. O Sistema de Objetos Mineiros Desaparecidos, Recuperados e Restituídos (Somdar), uma iniciativa do MPMG, destaca a participação de qualquer cidadão na preservação de nossa riqueza cultural e histórica.

A recuperação destes documentos é uma vitória para a preservação da história de Minas Gerais e do Brasil. Sua devolução à comunidade é um passo significativo para assegurar que as gerações futuras possam continuar a explorar e aprender com o rico passado desta região, onde as raízes da nação são profundas como os veios de ouro que um dia atraíram o mundo para essas terras.

Fotos: Camila Soares/MPMG.

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