Mariana: Justiça determina início das obras de restauro da Capela Nossa Senhora das Mercês, em Bento Rodrigues
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) emitiu uma tutela provisória de urgência após recurso do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), determinando que a Samarco, a Vale, a BHP Billiton do Brasil e a Fundação Renova iniciem, dentro de 30 dias, as obras de restauro da histórica Capela Nossa Senhora das Mercês, localizada em Bento Rodrigues, distrito de Mariana.
A decisão do TJMG representa um passo significativo em direção à preservação do patrimônio cultural afetado pelo trágico rompimento da barragem do Fundão, que ocorreu em 2015. A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural de Mariana interpôs o recurso após uma decisão de primeira instância que havia indeferido o pedido de restauração da capela. O MPMG argumentou que o estado deteriorado da Capela das Mercês foi diretamente causado pelo rompimento da barragem do Fundão, que gerou tremores de terra e outros impactos destrutivos.
Um parecer técnico sobre o estado da capela, que remonta ao século XVIII, confirmou a precariedade de sua estrutura. A capela apresenta fragilidade na estrutura, apodrecimento de peças de madeira, infiltrações, deterioração de forros, deformação de paredes e evolução de trincas no piso do altar. O restauro é considerado urgente para evitar a ruína completa do edifício histórico.
A decisão judicial incluiu uma multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento por parte das empresas responsáveis e da Fundação Renova. O início das obras representa um esforço para restaurar não apenas o patrimônio cultural, mas também a história e a memória da comunidade afetada pela tragédia em Mariana.
Há quase oito anos, a comunidade de Bento Rodrigues foi profundamente abalada por uma tragédia de proporções inimagináveis. O rompimento da barragem do Fundão, ocorrido em 5 de novembro de 2015, deixou uma cicatriz indelével na história desta cidade histórica. O desastre resultou em uma enxurrada de lama e rejeitos que engoliu casas, fazendas, escolas e igrejas, incluindo a icônica Capela Nossa Senhora das Mercês, que resistiu por séculos, mas não suportou a força destrutiva do rejeito. Dezenove vidas foram perdidas, famílias foram desalojadas e o meio ambiente sofreu um dano irreparável.
A comunidade local e as autoridades esperam que essa medida judicial assegure a preservação desse importante marco histórico e cultural, que desempenha um papel fundamental na identidade da região.