Setembro Amarelo: psicóloga aborda os sinais e cuidados com a depressão na infância e adolescência
Com a campanha Setembro Amarelo deste ano trazendo o lema “Se precisar, peça ajuda!”, profissionais da área de saúde mental estão focando na conscientização sobre a depressão na infância e adolescência. Embora o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio seja oficialmente em 10 de setembro, a ênfase na prevenção e cuidados com diferentes transtornos mentais em crianças e adolescentes é um compromisso que deve perdurar durante todo o ano. A psicóloga Sandra Vieira, da Faculdade Alis Itabirito, da Trivento Educação, destaca a importância de reconhecer os sinais de depressão nesse grupo vulnerável.
Um dos principais indicadores de que uma criança ou adolescente pode estar passando por um processo depressivo, ou caminhando em direção a um transtorno depressivo, é uma mudança visível no comportamento, como explica a Dra. Vieira. Isso se manifesta frequentemente como um retraimento e isolamento social.
“A criança ou adolescente tende a se tornar mais recluso, enfrentando dificuldades na socialização, geralmente na escola, mas também em casa, com a família. Eles ficam mais calados, passam mais tempo em seus quartos, evitando interações sociais com as pessoas”, observa Vieira.
A psicóloga ressalta que, especificamente na adolescência, o isolamento social é um sintoma comum, mas a intensidade desse isolamento deve ser monitorada. Se está prejudicando as relações e a interação social, pode ser um sinal de depressão.
Outros sintomas que podem ser observados incluem alterações no sono e apetite, pois tanto crianças quanto adolescentes podem apresentar problemas como insônia ou sono excessivo (hipersonia), bem como perda significativa de peso.
“Portanto, pode ocorrer uma perda de peso importante, porque a criança não sente vontade de se alimentar. Além disso, queixas somáticas são comuns, como problemas gastrointestinais, dores de barriga, dor de estômago, vômitos, enjoos, dor de cabeça e tonturas. São sintomas físicos, mas estão relacionados a um transtorno depressivo”, acrescenta a Dra. Vieira.
As consequências da depressão na infância e adolescência podem ser graves, afetando a socialização, a formação da personalidade, as relações familiares e o desempenho escolar. Além disso, existe o risco de evoluir para transtornos mais graves, como transtorno bipolar ou transtorno depressivo com sintomas psicóticos, que incluem delírios e alucinações.
A Dra. Sandra enfatiza que o risco de transtornos depressivos nessa faixa etária, se não tratados, pode evoluir para algo ainda mais crítico, incluindo a ameaça iminente de suicídio, autoagressão e tentativas de suicídio. Diferentemente dos adultos, crianças e adolescentes com depressão podem apresentar irritabilidade e níveis de agressividade.
“Quando esses sintomas estão prejudicando a vida do adolescente, a interação familiar e o desempenho acadêmico, é um sinal de alerta e uma indicação de que é necessário procurar ajuda profissional, como um psicólogo, e realizar uma avaliação psiquiátrica com um especialista em infância e adolescência para esclarecer dúvidas, confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento”, alerta a psicóloga.
O tratamento para transtornos depressivos na infância e adolescência é determinado após avaliação por um médico psiquiatra e pode incluir tratamento medicamentoso, juntamente com psicoterapia. De acordo com Sandra, a psicoterapia cognitivo-comportamental tem se mostrado uma das abordagens mais eficazes, respaldada por evidências científicas.
Além disso, o apoio da família é crucial, pois crianças e adolescentes não têm a maturidade para tomar decisões sozinhos. O envolvimento dos pais na terapia e no tratamento é fundamental para a recuperação e o progresso do paciente, conclui a psicóloga.