A Gramercy Fund Management, uma gestora de ativos dos Estados Unidos, fez um investimento significativo de US$ 552,5 milhões no escritório de advocacia londrino que representa as vítimas do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, ocorrido em 2015. A ação coletiva visa obter indenizações que podem superar a marca de £ 36 bilhões, com a Vale e a BHP como rés.
O escritório Pogust Goodhead representa 720 mil pessoas afetadas pela tragédia e está se preparando para o julgamento, previsto para começar em outubro de 2024 em Londres.
A Gramercy, que possui US$ 6 bilhões em ativos sob gestão e opera fundos de hedge, está fazendo esse investimento como uma aposta, na qual será remunerada caso o tribunal decida a favor dos reclamantes. Robert Koenigsberger, sócio-diretor da gestora, afirmou que o apoio em litígios ambientais busca trazer impacto positivo para clientes, empresas do portfólio e comunidades afetadas. Ele destacou o orgulho da Gramercy em ajudar o Pogust Goodhead a buscar justiça para uma das piores tragédias ambientais das últimas décadas.
O investimento da Gramercy enfatiza o papel crescente de investidores financeiros em ações coletivas, que envolvem custos substanciais. O Pogust Goodhead já havia realizado duas rodadas de captação de recursos, totalizando £ 150 milhões. No entanto, uma decisão da Suprema Corte britânica em julho criou obstáculos para esse tipo de acordo, levando à opção de estruturar o investimento como um empréstimo com garantias.
Em julho, a BHP solicitou à Justiça Britânica que a Vale assumisse “50% ou mais” das possíveis indenizações resultantes do processo. A Vale contestou a demanda, mas teve seu pedido rejeitado. A empresa brasileira estava envolvida diretamente nas operações da Samarco e também depositava rejeitos na barragem, embora isso não fizesse parte do acordo original com a ex-sócia BHP.