Mulheres fazem manifestação contra feminicídio e violência em Itabirito
Em um ato emocionante e corajoso, um grupo de manifestantes tomou as ruas de Itabirito neste domingo, 04 de fevereiro, para protestar pelo fim da violência contra a mulher. Gritos de “Basta, basta, basta. Quem ama não mata” e “Não, não, não. Violência não” ecoaram pela Praça da Bandeira, à medida que os participantes, em suma maioria mulheres, expressavam sua indignação e exigiam o fim da impunidade.
A mobilização, iniciada por Karine com o apoio da psicanalista e presidente do Instituto Florescer, Damares Martins, teve como ponto de partida a Praça da Bandeira, percorrendo a Avenida Queiroz Júnior até a Praça Doutor Guilherme. O motivo urgente para a manifestação foi a brutal morte de Cláudia Aparecida Vieira Martins, de 50 anos, que gerou comoção na cidade.
Um dos momentos mais tocantes foi o discurso da pequena Nicolle, de apenas 12 anos, filha caçula de Cláudia. A menina expressou sua indignação e transmitiu uma mensagem sobre a importância do respeito às mulheres. “Nós, mulheres, devemos lutar por respeito. Não somos objetos para sermos usadas. Não somos brinquedos para simplesmente jogarem fora, deixar de canto, como se não fôssemos nada. Temos que lutar, dar a cada tapa em qualquer lugar. Respeito por nós, mulheres, porque sem nós, o mundo seria absolutamente nada”, afirmou Nicolle.
A iniciativa começou a tomar forma com a criação de um grupo no WhatsApp, onde mulheres se uniram para organizar o protesto e conscientizar a cidade sobre a necessidade premente de combater a violência contra as mulheres.
Damares Martins, a presidente do Instituto Florescer e uma das organizadoras do protesto, subiu ao palco para expressar seu apoio e destacar a importância da manifestação:
“Hoje estamos aqui unidas, fortes e determinadas a dar um basta à violência que afeta nossas vidas. Este protesto é um grito coletivo, uma demonstração de coragem e solidariedade. Não podemos aceitar que o ciclo de violência continue. O poder está em nossas mãos, e juntas somos mais fortes. Vamos continuar lutando, conscientizando e promovendo um ambiente seguro para todas. Agradeço a presença de cada uma de vocês”, disse Damares.
Durante o ato, que contou com apoio da Guarda Civil Municipal de Itabirito ao longo do percurso, as pessoas exibiam cartazes com mensagens, como “Chega de feminicídio”, “Mulher não é propriedade”, “Não se cale”, “Respeite as leis”, “As leis precisam ser aplicadas”, “Basta de crime”, entre outros. Camisetas com a inscrição “Nenhuma mulher é propriedade de nenhum homem” e “Exija seus direitos. Está na lei: violência contra a mulher é crime” reforçavam a mensagem de repúdio à violência contra a mulher.
O presidente da Câmara de Itabirito, vereador Pastor Anderson do Sou Notícia (MDB), também se pronunciou durante a manifestação, expressando seu apoio e compromisso com a luta contra a violência. “Não podemos mais tolerar a violência contra as mulheres. Itabirito precisa ser um lugar onde todas as mulheres se sintam seguras e respeitadas. Vamos trabalhar em conjunto. Não basta termos legislações que condenem a violência contra as mulheres se, na prática, não vemos resultados. A aplicação rigorosa dessas leis é o que fará a diferença. Vou continuar lutando por um Itabirito onde as leis não sejam apenas palavras no papel, mas instrumentos no combate à violência contra as mulheres”, destacou.
No meio da mobilização, histórias de superação e resiliência foram compartilhadas. A senhora Jesuína, que viveu 28 anos em um relacionamento tóxico, encontrou a paz após a morte do cônjuge e realizou o sonho de ter a casa própria. Iara, após 17 anos em um relacionamento abusivo, hoje desfruta da liberdade e felicidade. A estudante de direito Stephany Caroline, encorajou as mulheres na luta contra a violência, ressaltando a importância de fazer valer os direitos conquistados. A rapper Tatá MC também se pronunciou e fez uma breve apresentação de uma de suas letras.
A Dra. Gleice Santana, representante da Comissão da OAB Mulher de Itabirito, também presente na manifestação, destacou a relevância de discutir não apenas as leis, mas também a aplicabilidade destas. Ela enfatizou que, para efetivar a mudança, é crucial que as mulheres façam valer os seus direitos.
O protesto foi mais do que uma manifestação; foi um grito coletivo pela igualdade, respeito e pelo fim da violência contra as mulheres, demonstrando a força e a solidariedade da comunidade de Itabirito na busca por uma cidade mais segura e justa para todas.