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Moradora fala sobre preocupação com o futuro do Bação durante audiência pública para instalação do TFB

Na última sexta-feira, 19 de abril, moradores do distrito de São Gonçalo do Bação, em Itabirito, participaram de uma audiência pública para discutir a implantação do Terminal Ferroviário de Bação (TFB). O projeto, proposto pela empresa responsável, visa estabelecer uma ferrovia para transporte de cargas sólidas a granel em um trecho já existente da frente norte da Ferrovia MRS Logística S.A.

Durante a audiência, mais de 300 pessoas se reuniram para expressar suas preocupações e oposições ao projeto. Entre os participantes estava Vânia Carvalho, uma moradora local que destacou a longa história de sua família na região, estabelecida desde 1855, e a importância de preservar as tradições e o modo de vida da comunidade.

“Nasci e me criei em São Gonçalo do Bação. Minha família se estabeleceu nessa região em 1855. Há cinco gerações representamos as tradições e costumes desse lugar. Como nós, existem várias outras famílias que se formaram neste distrito repleto de história, cultura e elevado nível de qualidade de vida, as quais prezam pela preservação desses bens de valor imensurável, as quais represento aqui. Nos últimos anos vivemos arrasados ante a possibilidade da instalação de um terminal de minério a poucos metros do nosso centro histórico. Temos notícia dos impactos negativos trazidos por empreendimento minerário desse porte, embora muitos não acreditem nisso, pois jamais viram um terminal de minério em funcionamento, posto que eles geralmente ficam instalados dentro das mineradoras, ao passo que esse pretende se instalar entre nossas casas”, afirmou a moradora.

Vânia e outros moradores expressaram preocupações sobre os potenciais impactos negativos que a instalação do terminal de minério poderia trazer para a região. Além disso, eles levantaram questões sobre a divisão da comunidade, incitada por informações conflitantes e estratégias questionáveis adotadas pela empresa proponente.

“As divergências de opiniões, incerteza e boataria prejudicam nossas relações sociais. Exemplo disso é a instalação do escritório TFB, que vem disseminando ideias tendenciosas, promessas fantasiosas, informações desconexas, competitividade entre moradores, discussões acirradas e agressivas nos grupos de whatsApp. É possível perceber a perversa estratégia de dividir para enfraquecer a comunidade e assim se justificarem como agentes de desenvolvimento social e comunitário, por meio de cursos, festas, distribuição de brindes, benefícios e campanhas publicitárias”, acrescentou.

Vânia argumenta que a atuação em favor do Licenciamento Ambiental, embora não possa ser considerada ilegal, se revela amoral e prejudicial. Ela aponta que tais ações são realizadas com investimentos que podem ser facilmente interrompidos caso haja interesse por parte dos empreendedores. Esses investimentos, segundo ela, têm contribuído para enfraquecer as relações sociais na comunidade, minando a cordialidade e solidariedade que historicamente mantêm unidos os moradores em suas tradições culturais. Vânia expressa preocupação com o potencial desse cenário para desarticular as lideranças locais e promover a ruptura do tecido social, considerando o empreendimento como prejudicial mesmo antes de sua instalação efetiva no território.

“Apontamos para o risco de danos irreparáveis em São Gonçalo do Bação. Nosso posicionamento nesta causa, não é simplesmente uma questão de ponto de vista, estamos exercendo nosso dever constitucional de preservar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações e nos mobilizando em defesa da preservação do nosso modo de vida, de nossas tradições e sobretudo de nossa tranquilidade”, enfatizou Vânia.

O TFB, por sua vez, defendeu a importância do projeto, destacando sua eficiência energética e menor impacto ambiental no transporte de cargas. No entanto, os moradores reivindicaram uma revisão do processo de licenciamento ambiental, apontando irregularidades e a inviabilidade da localização proposta para o empreendimento.

“Reivindicamos que sejam consideradas as irregularidades apresentadas nesse processo de licenciamento e a inviabilidade da localização onde o empreendimento pretende se instalar. Existem meios e recursos suficientes para solucionar essas questões de forma a evitar que danos irreparáveis venham dilacerar a história e os bens patrimoniais de Bação e consequentemente de Itabirito e Minas Gerais”, finalizou Vânia.

Diante do embate entre os interesses da empresa e as preocupações da comunidade, a audiência pública serviu como espaço de diálogo e transparência, permitindo que os moradores expressassem suas opiniões e demandas em relação ao projeto

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