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Itabirito: família de mulher que morreu por dengue alega negligência e pede justiça

Nesta segunda-feira, 29 de abril, o presidente da Câmara de Itabirito, vereador Pastor Anderson do Sou Notícia, esteve na casa dos pais de Aline Morais Silva, 34 anos, que faleceu no último sábado, 27 de abril, vítima de complicações da dengue.

Aline era monitora escolar no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Tia Lolinha, morava no bairro Padre Adelmo, em Itabirito, e deixou quatro filhos: Emanuelle, de 11 anos, os gêmeos Levi e Luísa, de 4 anos, e Rael, de 3 anos. Aline era viúva, ou seja, as crianças estão órfãs e agora vão morar com os avós maternos, Espedito Berto da Silva, mais conhecido como Ditão, de 68 anos, e Marlene Morais, de 64 anos.

Entenda o Caso

Aline estava se sentindo mal e se encaminhou para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Celso Matos Silva, em Itabirito. Lá, ela recebeu o diagnóstico de dengue e precisou ficar em observação, local onde permaneceu entre os dias 17 e 19 de abril.

Como o caso se agravou, ela foi transferida para o Hospital São Vicente de Paulo, também em Itabirito, no dia 19 de abril, onde ficou internada na área de semicrítico, aguardando vaga para algum hospital de referência da região. A família tinha consciência que Aline corria risco de vida, pois o hospital de Itabirito não possuía recursos para realizar o tratamento.

No dia 20 de abril, Aline passou por diversos exames e teve uma piora no quadro de saúde, tendo em vista que passou a apresentar problemas cardíacos, razão pela qual uma médica teria informado que seu estado era gravíssimo.

Já no dia 22 de abril, Aline teve outra piora no quadro clínico, deixando a família completamente desesperada. A vaga para um hospital com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da região ainda não havia saído e a justificativa era de que as unidades de saúde estavam lotadas.

Por isso, no dia 23 de abril, Ditão procurou o Ministério Público de Minas Gerais e narrou todos os fatos que estavam ocorrendo no caso de Aline.

Uma decisão judicial determinou a urgente transferência de Aline para um hospital de referência, o que acabou ocorrendo entre o fim da tarde e o início da noite da última quinta-feira, 25 de abril.

Aline foi encaminhada para o Hospital Santa Rita, em Contagem. Porém, ao dar entrada na área de emergência, um médico do referido hospital, que é particular, comunicou que a internação havia sido negada.

Ditão afirma que o hospital já havia sido comunicado da decisão judicial na tarde do mesmo dia, conforme um e-mail enviado ao médico.

Segundo os autos do processo, o hospital queria R$ 755 mil para receber Aline. A tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), de R$ 140 mil, não agradou o hospital.

A situação acabou se estendendo e, com a demora, algo em torno de duas horas de espera, o balão de oxigênio estava com tempo contado. Nesse momento, Aline passava mal dentro da ambulância e teve uma crise.

Para não agravar a situação de Aline, o enfermeiro decidiu retornar para Itabirito. Ditão acionou a Polícia Militar para registrar o Boletim de Ocorrência.

Na sexta-feira, 26 de abril, Ditão novamente procurou o Ministério Público para expor o que havia ocorrido em Contagem. Aline continuou em estado grave no Hospital São Vicente de Paulo. No sábado, 27 de abril, a jovem acabou falecendo. O velório e o enterro ocorreram no domingo, 28 de abril.

“Queremos justiça”

“Somos pessoas humildes, não temos dinheiro, mas temos dignidade, trabalhamos, pagamos nossos impostos e cade o retorno? Onde está o prefeito, a saúde dessa cidade? Eu tenho 64 anos e deus vai me capacitar para cuidar dos meus netos. Não ter dinheiro e depender de órgão público é isso que acontece, não temos valor para eles. Eu acho que a maior riqueza de todos nós é a saúde, mas eles não pensam dessa forma. Eles têm dinheiro, poder, diploma. Onde que está esse dinheiro, prefeito? Por que você fez isso comigo? Você não está sentindo a dor que eu estou sentindo. Minha filha era servidora pública e amava a profissão dela, amava as crianças que ela ensinava”, desabafou emocionada Marlene Morais, mãe de Aline.

“Ninguém da prefeitura nos procurou. Nem prefeito, nem a secretária de Saúde. E eu peço que não me procurem, pois não fazem nada por Itabirito. Estão negando a saúde para o povo. Isso tinha que estar em primeiro lugar”, disse o pai da vítima.

“Eu quero justiça. Justiça pelos meus netos e que isso não se repita. Foi um desprezo e falta de humanidade, de amor com o próximo. Hoje, eu sinto essa dor. Eu sinto pela minha filha. Nada vai trazer ela de volta, mas eu sei que, se houver justiça, eles vão pensar muito bem antes de não atender a um pedido judicial, o clamor de uma mãe, de um pai, e de se colocar no nosso lugar”, desabafou a mãe de Aline.

“Agora, todos querem se defender e buscar meios de poder justificar falhas, pois houve falha do hospital em Contagem, que foi incompetente e aqui vai uma nota de repúdio ao médico Lauro. Aqui vai minha indignação com o Hospital Santa Rita e vou fazer uma moção de repúdio a esse hospital, que desobedeceu uma ordem judicial. Os filhos de Aline precisam ser indenizados”, afirmou o vereador Pastor Anderson.

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