A Samarco, juntamente com suas acionistas Vale e BHP Billiton, anunciou uma proposta de aporte adicional de R$ 90 bilhões para o processo de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem em Mariana (MG). A tragédia, que ocorreu em 5 de novembro de 2015, resultou na morte de dezenove pessoas e teve impactos devastadores em dezenas de municípios até a foz no Espírito Santo.
Inicialmente, as mineradoras haviam proposto destinar apenas R$ 42 bilhões para as medidas reparatórias, valor consideravelmente inferior aos R$ 126 bilhões pleiteados pelos governos e instituições de Justiça. A nova proposta, que totaliza R$ 127 bilhões, inclui os R$ 90 bilhões em novos aportes, além de R$ 37 bilhões que teriam sido investidos na reparação até março deste ano.
No entanto, críticos da nova proposta levantam preocupações sobre sua eficácia em cobrir integralmente os danos causados. O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) expressou descontentamento e manifestou a expectativa de que a oferta seja recusada pelos governos e instituições de Justiça. Há a preocupação de que um novo acordo de cúpula, sem a participação das vítimas, não aborde adequadamente os principais problemas.
Além disso, cerca de 700 mil atingidos pelo desastre entraram com processos no Reino Unido contra a BHP Billiton, buscando justiça fora do Brasil. O escritório de advocacia que os representa levantou dúvidas sobre se a nova oferta das mineradoras incluiria indenizações individuais para as vítimas, destacando que a proposta atual não atende às demandas por justiça.
As negociações para a repactuação do acordo de reparação dos danos estão em curso há mais de dois anos, envolvendo as mineradoras, o governo federal, os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União, entre outros. A proposta prevê que todos os novos recursos sejam aportados pela Samarco, com a Vale e a BHP Billiton atuando como devedores secundários em caso de dificuldades financeiras.