A morte trágica de duas bebês gêmeas, de apenas 8 meses, resultou no indiciamento dos pais das crianças, identificados como Alessandra Wilke, de 28 anos, e Adriano Mattos, de 31 anos. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu o inquérito responsabilizando a dupla pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e tortura. As qualificações incluem motivo fútil, meio cruel e o uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas.
Segundo as investigações, uma das gêmeas foi morta no dia 29 de julho de 2023, no bairro Jardim Teresópolis, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). No dia seguinte, o corpo da menina foi ocultado na divisa entre Contagem e Betim, próximo a uma linha férrea. A segunda bebê morreu em 11 de agosto do mesmo ano, também em Betim, com o corpo sendo abandonado à beira da BR-381 no mesmo dia.
“O que mais assusta nessa história é que as mortes não foram nem no mesmo dia, para dizer que foi uma situação impensada, no desespero, o que não justifica. As mortes tiveram um espaço de aproximadamente um mês”, declarou a delegada-geral Alessandra Wilke, chefe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A PCMG tomou conhecimento dos crimes no dia 7 de julho de 2024, por meio de uma denúncia anônima. Cinco dias depois, uma equipe da Delegacia Especializada de Homicídios em Sabará localizou a mãe das vítimas no bairro Vila Rica, onde ela foi presa e confessou que presenciou as mortes, culpando o companheiro pela execução dos crimes. Inicialmente, a mulher foi presa por ocultação de cadáver, com a prisão posteriormente convertida em preventiva.
No dia 25 de julho, o pai das gêmeas, que estava foragido, foi preso preventivamente e também confessou os crimes, apresentando uma versão diferente da da mãe, mas compatível com as provas reunidas.
Durante os depoimentos, o pai das gêmeas revelou que no dia 29 de julho de 2023, uma das meninas começou a chorar insistentemente, e a mãe colocou uma meia em sua boca, causando sufocamento. Após a morte, o casal foi a uma festa junina em Betim, levando as duas crianças – uma viva e outra morta – no carrinho. “O que mais chamou a atenção é que eles ainda tiraram fotos e postaram nas redes sociais que estavam no evento”, relatou o delegado Humberto Cornélio.
No mês seguinte, a mãe novamente se irritou com o choro da outra filha e sacudiu a bebê violentamente, levando-a a desfalecer. O casal deixou a criança agonizando por sete dias no berço antes de ocultar o corpo.
Depois de abandonar o corpo da segunda filha, o casal ainda jantou e se hospedou em um hotel.
O casal, que residia em Sabará, mantinha pouca interação com familiares, amigos e vizinhos, o que contribuiu para que as mortes das crianças passassem despercebidas.
A revelação dos homicídios ocorreu após a mãe decidir pôr fim ao relacionamento em junho de 2024, o que levou o companheiro a ameaçar tornar público os crimes. Ele foi o responsável pela denúncia anônima que trouxe os fatos à tona.
Apesar dos esforços da PCMG, os corpos das crianças não foram localizados, devido ao tempo decorrido, às condições climáticas das áreas onde foram deixados e à fragilidade corporal das vítimas.