A música brasileira perdeu nesta quinta-feira (01) uma de suas maiores intérpretes: Nana Caymmi faleceu aos 84 anos, no Rio de Janeiro. Internada há nove meses na Casa de Saúde São José, enfrentava um quadro delicado de saúde, marcado por múltiplas comorbidades e uma longa internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A informação foi confirmada por seu irmão, o também músico Danilo Caymmi, que descreveu os últimos meses da artista como um “processo muito doloroso”. “Ela terminou nove meses de sofrimento intenso”, declarou, visivelmente emocionado.
Filha de dois ícones da música popular brasileira, Dorival Caymmi e Stella Maris, Nana nasceu no dia 29 de abril de 1941 e foi criada no seio de uma família onde a arte não era apenas tradição, mas destino.
Sua estreia nos palcos se deu na década de 1960, mas o canto já lhe era familiar desde a infância. Foi ao lado do pai que gravou, ainda jovem, a canção “Acalanto”, composta por Dorival como ninar para a filha. Em 1965, lançou seu primeiro disco solo, simplesmente intitulado Nana. A partir daí, construiu uma trajetória sólida, de intensidade emocional e apuro musical incomparáveis.
Vencedora da fase nacional da primeira edição do Festival Internacional da Canção em 1966, com a canção “Saveiros”, Nana projetou-se como uma intérprete sofisticada, de timbre grave, denso e inconfundível. Ao longo da carreira, lançou mais de 30 álbuns e tornou-se referência em interpretações de sambas, baladas e canções românticas como Resposta ao Tempo, Não se Esqueça de Mim e Suave Veneno.
Mesmo afastando-se dos palcos em 2016, após uma cirurgia para a retirada de um tumor, Nana continuou gravando. Em 2019, dedicou um disco à obra de Tito Madi. Em 2020, interpretou clássicos de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, reafirmando seu compromisso com a canção brasileira.
Reconhecida com o Troféu Villa-Lobos de Melhor Cantora em 1976, foi ainda indicada a quatro Grammys Latinos, vencendo em 2004 com o álbum Para Caymmi, de Nana, Dori e Danilo.
