Greve dos caminhoneiros continua na BR-356 em Itabirito
Não há previsão para o fim da paralisação.
A paralisação dos caminhoneiros já dura 3 dias na rodovia BR-356, em Itabirito. Os manifestantes estão concentrados nas estradas e interceptam outros motoristas de veículos pesados que tentam passar pelo local, impedindo o transporte de cargas no trecho.
Os bloqueios ocorrem nos principais acessos à cidade e o impacto da greve já pode ser visto pela falta de combustível em postos de Itabirito e região.
Devido ao comprometimento no abastecimento de óleo diesel na cidade, o transporte coletivo municipal também está afetado. As linhas de ônibus estão em funcionamento normal até as 9h e das 16h às 19h30. Durante o intervalo de tempo, das 9h às 16h e a partir das 19h30, o funcionamento do serviço está sendo seguindo os horários dos domingos e feriados, numa escala reduzida. A previsão é de que o atendimento volte ao normal assim que situação da falta de combustível for solucionada.
O Sou Notícia foi conferir de perto a mobilização dos caminhoneiros, que reivindicam seus direitos, como a redução do valor do diesel e de outros impostos que passaram por ajustes nas últimas semanas.
Frederico, caminhoneiro da cidade de Mariana, acredita que a greve trará solução para o problema: “Eu estou achando que vai haver resultado. Mas, para haver resultados, tem que chegar direto na bomba. Porque se não chegar na bomba, a galera não vai parar o movimento. É um absurdo o que esse governo está fazendo conosco”, reclama o grevista.
Ele ainda afirma, quando perguntado sobre o cuidado que os caminhoneiros deveriam receber das empresas, que os motoristas que são têm carteira assinada deveriam aderir ao movimento, uma vez que a greve está buscando melhorias para toda a população. Frederico é autônomo, assim como a maioria dos grevistas, e está descontente com a omissão de muitas pessoas sobre a luta da categoria dos caminhoneiros: “Tudo que o governo faz, o povo está aceitando. Então, enquanto nossa classe não se unir e parar, não vai ter jeito pra coisa. Eu acho que nós temos que ficar aqui e enquanto não houver solução nós não vamos sair.”
Um dos pontos positivos destacados por Frederico é o apoio de algumas pessoas aos caminhoneiros grevistas: “A população está trazendo pra gente: café, alimentação, banho. Estamos tendo total apoio.”
O caminhoneiro agradece ao Sou Notícia pelo destaque dado ao movimento: “Ninguém (da imprensa) veio aqui nos dar apoio. Vocês são os primeiros e eu agradeço por isso.”
Outro caminhoneiro que está participando da paralisação, destaca a legitimidade do movimento: “Sou completamente a favor. Sou transportador autônomo e tenho sofrido muito com o aumento do diesel. Nós estamos pagando caro e isso não está sendo dividido pra toda a população. Nós precisamos do apoio da população e os caminhoneiros têm que aderir à greve mesmo porque o que está acontecendo é covardia.”
Marcos Vinícios, caminhoneiro que faz parte da ocupação em Itabirito, agradece ao apoio recebido de empresas como Rodoarte, RLR, Uniguincho, Serra Verde e ao empenho dos caminhoneiros no local. A paralisação, segundo ele, está pacifica e todas as cargas de materiais com validade estão sendo liberadas para tráfego no trecho. Ele ainda destaca as condições do local para os grevistas: “Estamos recebendo doações das empresas e temos café da manhã, almoço e lanche na parte da noite. Ninguém aqui quer criar situação de conflito. Queremos que todos apoiem como já estão apoiando nesses três dias, pra chegar num resultado bom. Quem puder dar mais força pro negócio agravar mais ai vai ficar bom pra todo mundo. Vai abaixar o preço da gasolina; dos impostos; e pra nós que trabalhamos com caminhão vai abaixar o óleo diesel.”
Sobre o prazo para o fim da greve, Marcos garante que os grevistas não vai voltar à ativa enquanto não receberem ordens do comando de greve. “Se for preciso vamos ficar aqui 30 dias. Tem 34 pontos de paralisação em Minas Gerais. Hoje, na parte da manhã, já aumentou o número de estados mobilizados com a greve. E nós estamos botando fé. Dessa vez está sem quebradeiras; sem queimação de pneu em pista e liberando as cargas que precisam passar com urgência.”