Papa Francisco admite demora da Igreja em agir contra a pedofilia
Pontífice promete acabar com acobertamento de abusos sexuais na Igreja Católica.

O Papa Francisco divulgou nesta segunda-feira (20) uma carta endereçada a devotos, onde fala sobre os recentes casos de escândalos sexuais cometidos por padres católicos. O documento liberado pelo Vaticano rompe o silêncio do líder máximo da Igreja sobre o tema, bastante repercutido nas últimas semanas.
A carta reconhece o sofrimento físico e psicológico sofrido pelas vítimas de abusos, em sua maioria menores de idade. “Olhando para trás, nenhum esforço de perdão e busca pela reparação da dor será suficiente“, diz o documento, que pontua também o comprometimento futuro de impedir que novos casos “sejam acobertados e perpetuados“.
O comunicado é uma resposta da Igreja à divulgação de uma extensa lista com 300 padres da Pensilvânia considerados “predadores” sexuais. Os relatos de abusos teriam sido mantidos em sigilo por um bispo local e envolviam cerca de 1000 crianças e adolescentes durante .
Parte do papado de Francisco é marcado por uma mudança de tom em relação a atitude contra abusos sexuais. O pontífice afirmou que a Igreja estava trabalhando em uma política de “tolerância zero” a violências sexuais e a busca pelo fortalecimento da solidariedade cristã. “É significativo que o Papa chame o abuso de crime, e não apenas pecado” afirmou o porta-voz do Vaticano, Greg Burke.
Além disso, o Pontífice pede “oração e jejum” para “despertar a consciência” do “povo de Deus” para o compromisso com uma “cultura contra qualquer tipo de abuso”.
“É imperativo que nós, como Igreja, possamos reconhecer e condenar, com dor e vergonha, as atrocidades cometidas por pessoas consagradas, clérigos e, inclusive, por todos aqueles que tinham a missão de assistir e cuidar dos mais vulneráveis”, ressalta.
Além do escândalo nos Estados Unidos, a Igreja se vê às voltas com casos de pedofilia no Chile, que provocaram a renúncia de todo o episcopado do país, e na Austrália, que implicaram até um arcebispo, Philip Edward Wilson, condenado a 12 meses de prisão por ter acobertado crimes de abuso.
O Papa viajará para a Irlanda no final de semana, onde se encontrará com vítimas de abusos sexuais. O país passou por escândalo similar em 2009, quando a Arquidiocese de Dublin foi acusada de encobrir diversos abusos contra menores de idade. As informações são da CNN, do Poder 360 e do Jornal Extra.