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No Setembro Amarelo, aumenta a importância do trabalho voluntário

Por 30 dias, campanha tenta conscientizar os brasileiros na prevenção ao suicídio

Todos os sábados, a voluntária Leila Herédia deixa para trás a rotina, as adversidades e ansiedades diárias e se prepara para ouvir histórias de vida pelo telefone. Ela é uma das 2,5 mil pessoas das mais diversas classes sociais, faixas etárias e profissões no Brasil que doam horas para acompanhar pessoas em dificuldades.

Dificuldades essas que podem levar a quem está do outro lado da linha telefônica a engrossar uma triste estatística. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 800 mil pessoas cometem suicídio por ano.

Ajude o próximo

Com números assim, o trabalho dos milhares de voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo Brasil é fundamental. Da mesma forma, a campanha do Setembro Amarelo, em que os brasileiros são lembrados sobre a importância da prevenção ao suicídio.

Durante 30 dias, prédios e monumentos públicos são iluminados de amarelo – em referência à cor escolhida para simbolizar o período –, campanhas de conscientização são divulgadas e atividades ocorrem em todo o País para destacar a necessidade de se falar sobre o assunto.

Processo

Voluntária do CVV há sete anos, Leila tem um processo todos os sábados. Chega um pouco antes do seu horário e se concentra para deixar as atribulações da vida do lado de fora. “É um treinamento, não é uma coisa que quem acabou de se tornar voluntário vai conseguir fazer. A cada dia a gente vai avançando um pouquinho”, disse.

Durante o atendimento, a pessoa pode falar sobre o que quiser, pelo tempo que for necessário. Segundo ela, o trabalho voluntário consiste em oferecer uma “escuta amorosa” a quem precisar de apoio, para que a pessoa se sinta acolhida e confortável para expressar seus sentimentos.

“A gente entende que é toda uma rede de atenção que cuida dessa pessoa que está ali em sofrimento. A gente não aconselha, de forma alguma, não sugere que a pessoa siga por esse ou por aquele caminho, porque a gente entende que a pessoa tem, dentro dela, os recursos necessários para encontrar a solução que ela necessita naquele momento.”

Conexão

Desde junho deste ano, em razão de um termo de cooperação firmado com o Ministério da Saúde, o atendimento é feito em todo o território nacional pelo número 188, que funciona 24 horas por dia sem qualquer tipo de custo. Há também a possibilidade de acolhimento presencial, nos 93 postos do CVV espalhados pelo País, por chat e por e-mail.

Ao fim do dia, ela sente gratidão por conseguir ouvir histórias profundas de pessoas muitas vezes desesperadas. “É um sentimento de gratidão por eu perceber que ali houve essa conexão, que, de fato, eu funcionei como uma facilitadora, que a outra pessoa saiu daquela ligação melhor do que ela entrou”, afirmou.

Treinamento

Para ser voluntário do CVV, é necessário ter mais de 18 anos de idade e pelo menos quatro horas disponíveis por semana para atuar como plantonista em uma das mais de 90 sedes da entidade espalhadas pelo País.

Além disso, a pessoa interessada em participar deve passar por um curso de preparação gratuito. A inscrição deve ser feita pelo site do CVV, mas o treinamento é presencial e possui um calendário próprio em cada unidade.

“É fantástico esse trabalho de doação para o outro que precisa”, acrescentou o coordenador nacional do Programa de Seleção de Voluntários (PSV), Gilson Moura de Aguiar. Voluntário há 18 anos, ele classifica a experiência no período como “ímpar”. “Aceitação, compreensão e respeito ao outro. Esse é o nosso trabalho, a nossa base”, descreveu. As informações são do Governo do Brasil, do CVV, da ONU e da Agência Senado.

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