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Mineradora Vale diz que trabalha para que barragem Maravilhas II volte a operar em setembro

A mineradora Vale informou, para vereadores de Belo Horizonte que fizeram uma visita técnica nesta terça-feira (18) ao complexo Vargem Grande, em Itabirito, na região Central do Estado, que  trabalha para que um novo laudo de segurança libere o funcionamento da barragem Maravilhas II até setembro de 2019. A estrutura foi interditada desde fevereiro deste ano após determinação da Agência Nacional de Mineração (ANM).

Os membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Barragens, da Câmara Municipal da capital mineira, estiveram no complexo – formado por seis minas, oito usinas, três terminais de carga e quatro barragens de rejeito – com o objetivo de identificar os riscos e danos de um possível rompimento da barragem e, também, para ouvir da Vale o que tem sido feito para mitigação deste processo.

Segundo o presidente da CPI, vereador Edmar Branco (Avante), uma das principais preocupações da CPI nesta visita era entender os impactos causados no abastecimento de água da Região Metropolitana de BH em caso de um rompimento da estrutura e consequente contaminação das águas do rio das Velhas, “Bacia que, hoje, é a principal fonte de captação de água para a capital”, explicou o parlamentar.

Durante o encontro, foi a gerente executiva de operações do complexo da Vale, Karina Rapucci, quem afirmou que a empresa vem trabalhando em diversas medidas simultâneas para que um novo laudo libere a barragem para atividade  até o mês de setembro. A empresa responsável por apresentar este novo laudo será a Geoestável.

A estrutura

Instalada em 1994, a barragem Maravilhas II é do tipo alteamento em seis níveis, abrigando um volume de 94 milhões de metros cúbicos, e tendo 97,9 metros de altura. Atualmente, ela é monitorada por um total de 109 instrumentos. O engenheiro de geotecnia da mina da Vale, Gustavo Marçal, informou que a estrutura passa por um processo de faseamento que busca a elevação do fator de segurança da barragem. “O nível de risco hoje está em 1.3, as operações estão suspensas, e trabalhamos para que este índice chegue a 1 até o mês de setembro”, explicou o engenheiro.

A vereadora Bella Gonçalves (Psol) questionou os critérios de pontuação de risco e como as alterações feitas são pouco acessíveis à população em geral. “Não faz sentido pra mim, vocês me desculpem, uma barragem com qualquer nível de emergência estar em recuperação e operar. Em todas as visitas da CPI buscamos informações sobre como são atribuídas estas notas de risco, 2, 3 e isso nunca fica muito claro para a população”, pontuou a parlamentar.

Também participaram do encontro representantes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar (PM) de Ouro Preto, além do setor de Licenciamento da Vale e da ANM.

A mineradora

Procurada para falar sobre a projeção de retorno do funcionamento apresentada aos vereadores, a Vale apenas confirmou a visita ocorrida nesta terça e citou a gerente executiva que deu a informação.

“Os vereadores e demais representantes de órgãos públicos também puderam visitar a barragem Maravilhas II, localizada na Mina do Pico, que se encontra em nível de emergência 1 e cujas atividades estão suspensas. A estrutura vem sendo monitorada diariamente por meio de vários instrumentos e passando por ações para elevar o seu fator de segurança nos próximos meses”, finalizou a empresa. As informações são do site hoje em Dia.

Um comentário

  1. Meu nome é José Eustáquio Salvador de Oliveira. Sou Técnico de Mineração ETFOP e Engenheiro de Minas EEUFMG. O processo de concentração do minério de ferro adotado pela VALE S/A nas minas onde as barragens se romperam e nas outras 11 minas interditadas se denomina Flotação. É a separação mecânica de rejeitos por aeração com base nas características físico-químicas dos componentes de uma mistura. Trata-se da separação da parcela mais rica em ferro dos minérios finamente moídos dos rejeitos que são a sílica, alumina e outros contaminantes. Neste tratamento industrial o minério passa por um processo de “flutuação” da parcela mais leve por aderência às bolhas de ar na aeração da mistura do minério de ferro moído com os aditivos e água. Este material recebe o nome de “polpa”. Para isto são utilizados separadores onde se colocam esta polpa. O nome do minério de ferro é o Itabirito, composto por camadas sucessivas de ferro e sílica contaminada com alumina e outros componentes minerais. O concentrado de ferro se deposita no fundo dos separadores e os aditivos utilizados fazem a parte menos densa “flutuar” por adesão às bolhas de ar que são insufladas nas “bacias” dos Separadores e são posteriormente depositados nas barragens de rejeito junto com a sílica, a alumina, os contaminantes do minério moído, a água e os aditivos que continuam atuando por tempo indeterminado e mantendo os materiais depositados nas barragens numa condição de “polpa” indefinidamente, atrapalhando a sua sedimentação adequada no fundo das barragens. Esta sedimentação expurgaria a água e tornaria os maciços mais estáveis, podendo ser compactados e revegetadas com cobertura de material orgânico fora dos vales de rios ou cursos d’água como foi feito até então. Porque é que a polpa direcionada às barragens não se sedimenta: A parcela que é aproveitada na pelotização é o concentrado de ferro, mas a parcela contaminada com material silicoso-aluminoso junto com o Oleato de Sódio (ou outro material OLEAGINOSO), Amido e os outros contaminantes é gerada em grandes volumes e não tem destinação que gere lucro para as empresas e não permite a compactação por décadas e décadas. As próprias empresas não saberiam afirmar quando é que este tipo de material se sedimentaria. Não existem exemplos práticos sobre a questão. Isto a empresa não informou e a imprensa não pesquisou. A VALES/A matou duas das principais bacias hidrográficas de MG e porque não do Brasil. Centenas de vidas ceifadas e o maior desastre ambiental da história deste país. A VALE S/A já sabia que todas as barragens já tinham problemas há anos. Agora que os desastres já aconteceram adotaram a estratégia de dar avisos de emergência em todas as 11 barragens interditadas. Logo após o segundo acidente o ex Presidente da empresa Schvartsman anunciou que iriam “DESCOMISSIONAR” as barragens, aquelas que foram interditadas por altíssimo risco. Ele não divulga que “DESCOMISSIONAR” significa reprocessar o “rejeito” estocado há 30, 40 anos ou mais com altos teores de ferro. Antigamente os processos ineficazes de concentração geravam rejeito muito rico em ferro. Esta estratégia “brilhante” reprocessará o material moído contendo Oleato de Sódio e Amido, recuperando minério rico, mantendo minas interditadas em operação gerando lucro. Órgãos de controle e imprensa são mal informados ou coniventes. A VALE S/A está blefando e enganando a população e os Órgãos de Controle mais uma vez, ou comprando os caras. Vejam que já existe um deslizamento de talude ao lado direito do local do possível novo deslizamento na Mina de Gongo Soco em Barão de Cocais. Isto aconteceu no passado e ninguém ficou sabendo. Com certeza a empresa não comunicou isto a ninguém. Perguntem isto aos empregados mais antigos da empresa. Agora estão aproveitando que já estão todos literalmente na lama e estão fazendo este alarde para limpar um pouco a imagem da empresa antes de um novo possível mega desastre socioambiental.

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