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Unicórnio: o que é e significado

O termo unicórnio deriva do latim unicornis, que significa literalmente “um chifre”. No entanto, a palavra  ganhou popularidade durante a baixa idade média, quando foi adotada tanto pela igreja quanto pelos alquimistas.

O unicórnio é descrito como sendo uma criatura em forma de cavalo, ou cabra em algumas lendas. Além disso, tem como principal característica um único chifre longo e espiralado que sai do meio da testa.

Representação de um unicórnio na mata

A imagem do unicórnio é representada por um cavalo branco com um chifre na testa (Foto: depositphotos)

Eles também são representados na cor branca ou azul brilhante. Nas lendas, os unicórnios são animais herbívoros e que possuem como inimigos outras criaturas fantásticas, como os dragões e grifos.

Nos bestiários, livros que descreviam espécies de animais, afirmava-se que eles tinham uma vida longa. Por isso, poderiam chegar até mais de mil anos e só transpareciam fraqueza pouco tempo antes da sua morte.

Essa característica era associada ao chifre do animal, que nas lendas possuía diversos poderes mágicos. A mais difundida era que o chifre de um unicórnio tinha poderes curativos e podia salvar uma pessoa da morte.

No entanto, eles também são descritos como criaturas ferozes e perigosas, que atacariam qualquer um que entrasse em seus domínios. A única forma descrita como sendo eficaz de capturar um desses animais era com o auxílio de uma jovem mulher.

Os unicórnios eram considerados animais monogâmicos. Ou seja, escolhiam um parceiro por toda a vida. Também eram protetores das florestas fechadas e das criaturas que vivam nelas. Por tudo isso, acreditava-se que eles só se aproximavam de pessoas puras de corpo e alma.

Qual a origem da lenda?

Não se sabe ao certo qual o local ou ano de origem da lenda. Isso porque, existem relatos de animais semelhantes ao unicórnio por toda a Europa e em países do Oriente, como China, Índia e Tibet.

Contudo, o primeiro relato por escrito data os 400 anos antes de Cristo e teria sido escrito pelo médico grego Ctésias. Ele descreveu que os unicórnios viviam em um reino chamado Industão, nome persa para descrever a Índia.

Ctésias descreveu o animal como sendo veloz e de pelagem branca. Além disso, a figura mitológica possuía olhos azuis e cabeça vermelha, com um longo chifre espiralado saindo dela.

Já o filósofo grego Heródoto também descreveu o animal fantástico em uma de suas obras. Descrevendo as criaturas como bestas selvagens que podiam ser encontradas no oeste da Líbia.

Apesar disso, a teoria mais aceita é que a lenda teria sido criada pelos gregos após observarem desenhos em baixo relevo produzidos pelos persas. Nessas imagens, touros eram representados de perfil, fazendo com que eles aparentassem ter apenas um chifre.

Um antigo manuscrito grego chamado Physiologus ou fisiólogo descreve a captura de um unicórnio por uma donzela. O manuscrito, escrito entre o final do século 2 e meados do século 4 depois de Cristo por um autor desconhecido, descreve o unicórnio como sendo um animal pequeno e semelhante a uma cabra.

Ele é tido como o primeiro a relacionar o animal mitológico à figura de Jesus Cristo. Com isso, ele faz uma associação entre os poderes curativos e mágicos do animal com a figura principal do cristianismo.

Além disso, alguns historiadores também associam a origem da lenda com a confusão causada após pessoas virem rinocerontes pela primeira vez.

O que a criatura simbolizava?

A figura do unicórnio sempre foi coberta por simbolismo. Porém, os detalhes iam sofrendo mudanças de acordo com a região e com a época em que a lenda era contada.

Por exemplo, no início os gregos acreditavam que a criatura mitológica era um sinal de boa sorte para viajantes. Isso porque, era considerado raro o encontro entre humanos e unicórnios.

Foi a partir do século 2, com o Physiologus que a ideia de pureza e castidade começou a ser aplicada ao animal. Sendo então levada adiante e usada com frequência durante o final da Idade Média e início da Idade Moderna.

As criaturas, contudo, só podiam ser associadas às figuras de Jesus e a Virgem Maria. Um dos simbolismos usados era que o unicórnio representava o Espírito Santo e a Virgem, a figura de Maria.

Ao mesmo tempo, um bestiário escrito no final do século 14 descrevia a figura mitológica como sendo uma besta cruel. Em uma das passagens é dito que os unicórnios matavam animais como elefantes e leões, considerados os seus principais inimigos.

Já em meados do século 18, a simbologia muda e os unicórnios passam a ser o símbolo do amor cortês. Dessa maneira, o unicórnio era a representação do amante, que se apaixonava pela donzela.

No entanto, durante esse mesmo período, a figura também era associada ao mal e à morte. Sendo assim, passa a ser considerada uma representação dos desejos humanos que levam as pessoas ao inferno.

Onde eles podiam ser encontrados?

Geralmente, os bestiários descreviam os unicórnios como sendo seres que habitam os bosques e florestas. Eles eram encontrados em locais mais profundos e que não eram habitados ou frequentados por seres humanos.

Outras lendas descrevem as criaturas como habitantes de cavernas, locais escuros e habitados também por dragões. Essa versão dos fatos é mais comum nos contos em que a criatura é associada ao mal e à corrupção.

Apesar disso, ainda há histórias que afirmam a presença de unicórnios emmontanhas rochosas. Essas versões são contadas, principalmente, por pessoas que viajavam até países do Oriente e diziam que haviam avistado a criatura ao longe.

Já nos livros e filmes atuais, as criaturas são mostradas como habitantes de florestas e bosques fechado. Na maioria das vezes, em locais quase sempre inacessíveis aos humanos e até mesmo para outras espécies de animais.

Os unicórnios aparecem na bíblia?

Durante boa parte da Idade Antiga e Idade Média, o termo unicórnio podia ser encontrado na bíblia. Dessa maneira, a palavra podia ser vista nos livros de Salmos, Jó, Números, Isaías e Deuteronômio.

No entanto, ele teria surgido pela primeira vez por volta do século 2 depois de Cristo. Nessa época, os textos em hebraico foram traduzidos e compilados na bíblia Septuaginta.

Durante o século 4 na Vulgata, quando a bíblia começou a ser traduzida para o latim por São Jerônimo, era possível encontrar a mesma criatura sendo chamada de unicórnio ou rinoceronte. Portanto, foi nessa época que a criatura teria sido adotada como um símbolo oficial do cristianismo.

O uso do termo perdurou até o século 16, quando Martinho Lutero iniciou a reforma protestante e começou a traduzir os escritos para o idioma alemão.

Atualmente, sabe-se que o primeiro uso da palavra unicórnio ou monoceros do grego foi um erro de tradução para a palavra hebraica re’em. Esse termo era o nome de uma espécie de búfalo selvagem que habitava a região e possuía os dois chifres.

Afinal, unicórnios existem?

Nunca se teve notícia ou fato comprovado de uma criatura que tivesse as características de um unicórnio. Contudo, acredita-se que a lenda teria surgido do contato de seres humanos com animais que apresentam algumas características em comum, como o chifre no meio da cabeça.

O principal deles é o rinoceronte, que por vezes aparecia na bíblia como um termo substituto para o da criatura mística. Semelhantemente a lenda dos unicórnios, os rinocerontes são animais grandes e possuem chifres na parte frontal da face.

Além disso, subespécies desses animais podem ser encontradas pelo continente africano e partes do asiático. Dessa maneira, comerciantes poderiam ter visto essas criaturas e com isso criaram histórias fantásticas a respeito delas.

Fóssil de um Elasmotherium sibiricum

Elasmotherium sibiricum é o fóssil mais próximo de um unicórnio (Foto: depositphotos)

Um segundo animal que existe até hoje é a baleia narval ou Monodonmonoceros. Esse é o nome de um mamífero marinho que possui uma enorme presa na parte frontal da cabeça e pode ser um dos responsáveis pelo mito do unicórnio.

Isso porque, acreditava-se que as presas da baleia narval tinham poderes mágicos, por isso  eram comercializadas. 

Outra possibilidade é a de que a lenda seja derivada de um animal que foi extinto há cerca de 30 mil anos. Os fósseis do animal, batizado de Elasmotherium sibiricum e chamado popularmente de unicórnio siberiano, foram encontrados primeiramente na região da Sibéria.

Pesquisadores acreditam que eles habitaram também parte da Europa e China há mais de 300 mil anos. No entanto, não se sabe se os primeiros seres humanos da região tiveram contato com esse animais ou se avistaram apenas os esqueletos.

Características do elasmotério

O elasmotério ou unicórnio siberiano é considerado um parente próximo dos rinocerontes modernos. Alguns fósseis encontrados na região da Sibéria em meados de 1800 permanecem em exposição até hoje.

Arqueólogos dizem que eles viveram durante o período pleistoceno e eram animais herbívoros. O easmotherium sibiricum era grande, medindo cerca de 2 metros de altura e 4,5 metros de comprimento. Podendo pesar entre 4 e 5 toneladas.

O nome popular deles veio do fato dessas criaturas apresentam um único chifre no meio da testa. Contudo, as representações em imagens os mostram mais próximos dos rinocerontes atuais, do que do animal místico das lendas.

Veja também: O estudo dos fósseis

Significado de empresa unicórnio

Um termo bastante usado atualmente é o empresa ou startup unicórnio. Essa descrição é utilizada para empresas que conseguiram atingir um valor de mercado maior que o de um bilhão de dólares. Mesmo antes de começarem a vender as suas ações.

No entanto, não é qualquer empresa que pode ser chamada de unicórnio, mas só as que são do ramo tecnológico. O nome foi escolhido pelas criaturas serem descritas como fantásticas, uma vez que é o tipo de serviço que as empresas precisam oferecer para atingir esse patamar.

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