Arnaldo e Renê criticam perseguição política na Prefeitura de Itabirito após vazamento de áudio de servidor público

Na última reunião da Câmara Municipal de Itabirito, realizada nesta segunda-feira (16), o vereador Renê Butekus (PSDB), agora da bancada de oposição, fez diversas críticas à atual administração pública da cidade, comandada pelo prefeito Orlando Caldeira (PPS). Em sua fala, Renê mencionou um áudio de um servidor público não identificado sobre demissões de funcionários da prefeitura por motivos políticos.
No áudio que circula nas redes sociais, o servidor tenta justificar a impossibilidade momentânea de ter um aumento no cartão alimentação dos servidores públicos da Prefeitura de Itabirito, algo prometido por Orlando durante a campanha eleitoral. “Todos as promessas de campanha serão cumpridas. Só não serão de imediato porque é bem simples: os caras estão entrando agora. Estão pegando a prefeitura, tem muita coisa escondida, tem muita corrupção lá e a gente sabe disso. Todos nós que trabalhamos (na prefeitura) sabemos de muitas coisas erradas que acontecem. Então, até os caras começarem a colocar a casa em ordem, não dá pra fazer muita coisa. Se aumentar 500 reais para todos os servidores, mais a turma do Saae, vai onerar muito, ainda mais que caiu a arrecadação. Os caras não podem correr do que prometeram. De uma forma ou de outra eles têm sim que valorizar o servidor. Temos que esperar; dar um tempo para fazer essa transição toda. Tá saindo e entrando pessoas. Até começar a normalizar, eu vou ser sincero, lá pra meados de outubro”, argumentou o servidor.
“Fiquei sabendo que só essa semana estava pra sair 100 pessoas. Me falaram que 22 já saíram. Só pessoas de cargo alto. Muitos vão sair ao decorrer dos dias. Até semana que vem vai sair muita gente. São mais ou menos 400 pessoas pra sair, justamente todos os comissionados. Algumas pessoas irão ficar por uma questão de trabalho, respeito à cidade. Mas muitas vão sair. É questão de tempo”, disse o servidor, em áudio enviado pelo Whatsapp.
Na tribuna, o vereador Renê Butekus falou sobre a suposta perseguição política da atual administração pública. “Valorização dos servidores está no plano de governo do Orlando, assim como o fim das perseguições por questões políticas. É difícil! Venderam lote na lua para os eleitores e agora não vão aguentar. E eu não estou nem aí se são 5 ou 6 dias de mandato não. Porque ele concorreu nas eleições de 2012, concorreu nas eleições de 2016, concorreu agora em 2019. Ele já sabia o que ia fazer dentro da prefeitura”, disse o vereador, pedindo ainda para que o áudio de um servidor da prefeitura fosse transmitido durante a reunião.
“É necessário que esse servidor venha aqui para apontar onde estão os escândalos de corrupção. Ele tem que nos ajudar a fiscalizar. E ele tem que mostrar pra gente onde é que está pois eu mesmo vou dar a mão a ele e denunciar ao Ministério Público. Que seja Alex, que seja Juninho, que seja Arnaldo, que seja Toninho. A situação é essa. Ai quando fala ‘muitas pessoas irão sair’, acabei de falar do plano de governo do prefeito sobre não ter demissão política; perseguição política. Perseguições: concursados ocupando cargos que não eram deles. Ele fala em outra parte do áudio que gari passou de gari para não sei o que. Isso é valorizar o servidor concursado! E agora? Não vai valorizar os que estão lá dentro? Porque tem conchavo político pra caramba aí dentro. E tem conchavo mesmo! A negociata está tão grande aqui dentro que tem gente demitindo assessor e colocando aqui na prefeitura pra trabalhar. E depois fala que não teve acordo com o gabinete do prefeito. É por isso que eu não fui”, acrescentou o vereador.
Em outro momento, Renê voltou a citar promessas de Orlando durante a campanha eleitoral. “500 reais no cartão alimentação e valorização do servidor. Tem que valorizar o servidor mesmo. Só que eu quero deixar um alerta aqui: a prefeitura, hoje, até às 18h, tem 3.144 servidores. Se for dar um cartão de 500 reais pro servidor – o servidor merece um cartão é de mil; de dois mil – mas aonde tá a responsabilidade do prefeito em comprometer anualmente o orçamento do município, já que o servidor falou que a arrecadação caiu em 1 milhão e meio de reais? Cadê a diferença dessa gestão? São 10 dias e está aparecendo problema atrás de problema. E aí, quando me fala que todos os comissionados vão ser demitidos – cerca de 400 pessoas – sabe o que eu vou falar agora? Bem feito para quem estava como comissionado e traiu quem segurou emprego pra eles lá dentro. Vocês foram usados. Vocês acharam que estavam usando o governo passado e foram usados agora. Eu avisei! Muita gente avisou! Agora, não é mais Orlando Caldeira. É Rolando Lero, pois o lero lero está grande”, afirmou o vereador, comparando o prefeito da cidade a um personagem que enrolava o professor no programa Escolinha do Professor Raimundo.
Arnaldo Pereira dos Santos (MDB), presidente da Câmara, também falou sobre o caso. “Eu vou encaminhar um requerimento para o parecer jurídico, pra ver a legalidade dessa convocação. Porque se não por aqui, na tribuna, nós vamos nomear uma comissão de sindicância para ouvir esse cidadão. Ele fala coisas muito absurdas. Ele tem número de demissões. Então, demissão virou um negócio. Não é nem opção, se a pessoa encaixa ou não encaixa nesta nova administração. Vocês lembram quando eu falava sobre aquela turma que ficava na internet, na ‘guerrilha’? Sumiu todo mundo. Sabe por quê? Porque estão tudo dentro da prefeitura. Estão todos lá. Eu falava isso há muito tempo. Tem uns que não conseguiriam porque têm ficha criminal e não podem entrar lá. Esses não vão conseguir. Mas aquela turma que ficava criticando, cada crítica era um tijolinho que estavam pondo para construir uma escadinha e assumir um cargo. Estão quase todos com cargo na prefeitura. Tem um que deu uma esperneada aí outro dia e já puseram ele num cargo. Há muito tempo tenho falado isso”, disse o vereador.
O presidente da Câmara continuou sua fala se dirigindo ao servidor que teve seu áudio divulgado nas redes sociais. “Ele era um pitbull, virou um pinscher, defendendo a atual administração. Ele fala, por exemplo, e aí é uma tranquilidade para nós que estamos trabalhando, que haverá sim reajuste e valorização do servidor. Ótimo! É uma notícia boa. Estou buscando nessas falas ao que há de positivo. Temos que transcrever a fala desse cidadão e fazer uma denúncia no Ministério Público”, afirmou Arnaldo.