11° Encontro Internacional de Palhaços acontece em Mariana

Um menino se aproxima e diz que quer ser palhaço. O interlocutor pensa: “Não quer ser astronauta, médico ou advogado?”. As crianças se multiplicam e externam o mesmo desejo, agora são várias. “Não é raro isso acontecer”, confidencia João Pinheiro, cuja identidade nem tão secreta assim é a de palhaço Juaneto, que realiza dupla com Xinxin, vivido por Xisto Siman.
Juntos, eles idealizaram há 19 anos o Circovolante, companhia que leva espetáculos brincantes para todo o país, e, há 11 anos, criaram o Encontro Internacional de Palhaços, que acontece desta quinta (26) a domingo (29) em Mariana. O evento virou tradição na cidade histórica de Minas. “O maior desafio é manter o frescor, contamos com a participação popular como uma característica decisiva”, observa Pinheiro. A expectativa para este ano é de um público total de 50 mil pessoas.
Uma das estratégias da edição é apostar na descentralização, ampliando o número de atividades em bairros e distritos periféricos. Com a promessa de “um ambiente alegre e colorido”, a plateia deve ser atraída para prestigiar 140 palhaços, vindos de todas as partes do mundo, como Peru, Chile, França e Argentina. E isso sem contar a própria diversidade brasileira, contemplando mineiros, paulistas, cariocas e alagoanos. De acordo com Pinheiro, os critérios para a escolha dos participantes foram “técnicos e afetivos”. “Além de artistas que tenham essa capacidade de comunicação com o público, selecionamos pessoas queridas, que queremos encontrar nessa festa”, exalta.
A homenageada desta edição será a palhaça Jasmin, interpretada por Lily Curcio, antropóloga nascida na Argentina que escolheu o Brasil para morar. “Ela é de um segmento que traz uma linha crítica muito apurada”, conta o entrevistado. Além disso, Lily representa as milhares de palhaças espalhadas pelo país que, durante décadas, tiveram de lidar com a invisibilidade.
“O circo tradicional colocava as palhaças mulheres em papéis coadjuvantes, e percebemos que isso tem mudado de uns anos pra cá, hoje nós vemos palhaças de todas as idades”, afiança Pinheiro, que entende o palhaço como alguém que “mostra nossa humanidade e questiona”. “Levantamos lebres políticas e sociais em um ambiente relativamente livre”, conclui.
Serviço. 11° Encontro Internacional de Palhaços, desta quinta (26) a domingo (29), em vários horários, na Praça da Sé, em Mariana, e outros locais. Gratuito.