GeralItabirito

Instalação LAMA provoca comoção e reflexão no público com obras que lembram rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho

Mostra do artista Roberto Sussuca está na Casa dos Contos, em Ouro Preto, até 10 de novembro. A entrada é franca

Com um conjunto de aproximadamente 50 obras e uma montagem sensível e criativa, a instalação LAMA, do artista plástico Roberto Sussuca, evidencia os impactos gerados pelos recentes desastres envolvendo mineradoras em Minas Gerais. Sussuca aborda o tema de maneira impactante, ressaltando os resultados da interação entre a atividade minerária e a vida humana no seu entorno.

No primeiro fim de semana de exposição, na Casa dos Contos, em Ouro Preto, mais de 500 pessoas visitaram o acervo. A comoção foi estampada nos rostos do público, fortemente sensibilizado com as obras que representam desde as minas, os elementos rotineiros (passando pela religiosidade, música, futebol, lazer), o trabalhador até a morte da natureza, por exemplo.

Assim, entre pinturas, esculturas e objetos, as peças retratam a mineração, o cotidiano das comunidades atingidas e as cenas após a destruição. A mostra retrata os fatos ocorridos em Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, distritos de Mariana atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em 5 de novembro de  2015, como também os de Brumadinho, com a ruptura da barragem da mina do Córrego do Feijão, em 25 de janeiro de 2019.

A instalação está exposta na Casa dos Contos, tradicional espaço cultural de Ouro Preto (MG). Com entrada gratuita, a visitação segue até 10 de novembro: segunda, de 14 às 18h; e de terça a domingo e feriados, de 10h às 18h.

Roberto Sussuca é ouro-pretano e considerado um artista experimentalista. Desde a juventude dedica sua vida à arte, expressa por meio de desenhos, pinturas, gravuras e esculturas. Foi um dos primeiros artistas a fazer instalações em Minas Gerais, nos anos de 1970 e 1980.

 

 

Serviço: Instalação LAMA de Roberto Sussuca

Local: Casa dos Contos (Rua São José, nº 12 – Ouro Preto – MG)

Visitação: 5 de outubro a 10 de novembro

Segunda: 14h às 18h | Terça a domingo e feriados: 10h às 18h

Entrada franca.

Um comentário

  1. Sou Técnico de Mineração ETFOP – Escola Técnica Federal de Ouro Preto 1976 e Engenheiro de Minas – Escola de Engenharia da UFMG 1982. Historicamente o processo de concentração do minério de ferro adotado pela VALE S/A e outras mineradoras nas minas onde as barragens de rejeitos se romperam e nas outras minas interditadas se denomina Flotação. É a separação dos rejeitos do minério por aeração com base nas características físico-químicas dos componentes da mistura. Trata-se da separação da parcela mais rica em ferro dos minérios após serem britados e finamente moídos. A parcela rica em ferro é separada da parcela pobre em ferro, denominada tecnicamente como rejeitos, que compostos predominantemente pela sílica, a alumina e outros contaminantes menores. Neste tratamento industrial o minério passa por um processo que propicia a “flutuação” da parcela mais leve rica em sílica e alumina por aderência às bolhas de ar na aeração da mistura do minério bruto (ROM – Run of Mine) após moído, com os aditivos floculantes e a água. Este material recebe o nome de “polpa”. Para isto são utilizados separadores onde se colocam esta polpa. O nome do minério de ferro predominante no Quadrilátero Ferrífero é o Itabirito, composto por camadas sucessivas de ferro e outras camadas ricas em sílica contaminada com alumina e outros componentes minerais menores conforme citado. O concentrado de ferro se deposita no fundo dos separadores e os aditivos utilizados fazem com que a parte menos densa “flutue” por adesão às bolhas de ar que são insufladas nas “bacias” dos Separadores. Estes rejeitos dos separadores são posteriormente depositados nas malfadadas barragens de rejeitos juntamente com a água e os ADITIVOS químicos, que continuam atuando por tempo indeterminado e mantendo os materiais depositados nas barragens numa condição de “polpa” indefinidamente, atrapalhando a sua sedimentação adequada no fundo das barragens.
    Como parte destes aditivos são orgânicos e ficam estocados num ambiente sem a presença de oxigênio nunca se degradam. A sedimentação desta polpa expurgaria a água e tornaria os maciços mais estáveis, podendo até mesmo serem revegetados com cobertura de material orgânico, fora dos vales de rios ou cursos d’água,utilizando a metodologia que hoje é implantada na mina S11D da VALE S/A no Pará. Lá o minério não é o Itabirito, é a Hematita pulverulenta, e mesmo assim secam a polpa após a concentração. O processo de secagem do rejeito da concentração do Itabirito pode ter uma etapa de filtragem e aquecimento da polpa para evaporação da água e queima dos materiais oleaginosos e o amido (os materiais orgânicos).
    Porque é que a polpa direcionada às barragens não se sedimenta: A parcela que é aproveitada na pelotização é o concentrado de ferro, mas a parcela contaminada com material silicoso-aluminoso junto com a água e o Oleato de Sódio (ou outro material oleaginoso), o Amido (material orgânico) e os outros contaminantes é gerada em grandes volumes e seca-la em temperaturas adequadas aumentaria muito o custo do processo de produção. Estes rejeitos não tem destinação que gere lucro para as empresas e sua composição físico-química não permite a compactação por décadas e décadas. As próprias empresas não saberiam afirmar quando é que este tipo de material se sedimentaria. Não existem exemplos práticos sobre a questão. Isto a empresa não informou e a imprensa não pesquisou. A VALES/A matou duas das principais bacias hidrográficas de MG e porque não do Brasil. Centenas de vidas foram ceifadas e o resultado foi o maior desastre socioambiental da história deste país. A VALE S/A já sabia que todas as barragens de alteamento à montante já tinham problemas há anos. Agora que os desastres já aconteceram adotaram a estratégia de dar avisos de emergência em todas as regiões onde estão localizadas estas barragens interditadas. Logo após o segundo acidente criminoso o ex Presidente da empresa Schvartsman anunciou que iriam “DESCOMISSIONAR” as barragens, aquelas que foram interditadas por altíssimo risco. Ele não divulgou que “DESCOMISSIONAR” uma barragem significa reprocessar o “rejeito” estocado há 30, 40 anos ou mais nas barragens, mas que para os padrões atuais são altíssimos teores de ferro. Antigamente os processos de concentração eram ineficazes e geravam um rejeito ainda muito rico em ferro. Esta estratégia “brilhante” reprocessará o material já lavrado, britado e moído contendo Oleato de Sódio e Amido, recuperando o minério rico e mantendo assim as minas interditadas em operação e gerando lucro. Os Órgãos de Controle como a ANM, a FEAM e a imprensa são mal informados ou coniventes. A VALE S/A pode estar blefando e enganando a população e os Órgãos de Controle mais uma vez.
    Observe nas imagens divulgadas pela mídia que após os rompimentos das barragens o material se “espalha” pelos vales se expondo finalmente ao sol, secando e se oxidando, ou seja, eliminando os materiais orgânicos. Desta forma se tornam um material pulverulento e seco, tanto que pode até ser então carregado pelas retroescavadeiras e transportado por caminhões para fora dos vales dos cursos d’água. Porque não fizeram isto antes reprocessando os rejeitos quando ainda estavam contidos nas barragens?
    Confirmem estas informações junto aos especialistas em Tratamento de Minérios das Universidades e aos tecnologistas das empresas.

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