Oficinas, debates e atrações musicais marcam 31ª Semana da Consciência Negra de Itabirito

A Prefeitura de Itabirito realizou a 31ª Semana da Consciência Negra de Itabirito, de 15 a 24 de novembro. O evento contou com a parceria do Comitê Municipal de Promoção da Igualdade Étnica Racial (Compir) e teve a co-realização do Bloco Axé Igbá e do Coletivo Netos da África. “A sociedade brasileira é nitidamente marcada pela desigualdade, especialmente no que diz respeito à discriminação racial. Diante desse quadro, é muito importante que lutemos para garantir oportunidades iguais para todos e a Semana de Consciência Negra é um evento que objetiva conscientizar a população sobre a importância da diversidade na construção da identidade da cultura nacional; além de promover o debate das questões relativas ao tema”, destaca Júnia Melillo, secretária de Patrimônio Cultural e Turismo.

A programação contou com diversas atividades abertas ao público, como oficinas, debates, shows, além de muita cultura e religiosidade, que tiveram como objetivo resgatar e preservar a história, as tradições, a riqueza e a diversidade presentes na cultura negra. “Além disso, busca-se promover e evidenciar a influência afrodescendente na expressão artístico-cultural brasileira”, completa Júnia Melillo.

“Tivemos uma semana recheada de protagonismo negro. É muito importante refletirmos sobre a nossa posição na sociedade, já que sofremos vestígios do racismo estrutural até hoje”, avalia Rodrigo Lourenzo, blogueiro e co-fundador do Coletivo de Jovens Netos da África. “A contribuição do povo afro-brasileiro para a construção de nosso país é muito importante. Então valorizar todas as culturas é entender o que cada uma delas nos dá. Foi tudo incrível. Parabéns ao idealista da 31ª Semana da Consciência Negra de Itabirito, Toninho Telefunken, e a todo apoio da atual gestão da prefeitura no município”, conclui.

Dia da Consciência Negra

No dia 20 de novembro, a Casa de Cultura Maestro Dungas foi palco do África Canta e Dança, onde o público conferiu um verdadeiro espetáculo com grandes artistas itabiritenses, que celebraram o Dia da Consciência Negra com muita música, emoção e talento. O momento também foi marcado pela entrega da Medalha Zumbi dos Palmares 2019, que reconhece as contribuições dos cidadãos com a causa. Os homenageados foram Irenice Rodrigues (representada por sua prima, Eunisia Rodrigues), Nilza Vitorino, Maria de Fátima do Carmo, Margarida Cunha Bernardo, Pastor Admilson Ribeiro, Celina Samuel de Carvalho, José Carlos Miguel, Luciano Ferreira, Marcos Gonzaga, Grupo Cativeiro e Toninho Telefunken.

O público também conferiu a exibição do premiado documentário Procura-se Irenice. Realizado pela produtora Memória Viva, em São Paulo, no ano de 2016, a obra conta a história da itabiritense Irenice Maria Rodrigues, corredora de 400 e 800 metros, campeã sul-americana. Considerada uma das grandes atletas do seu tempo, ela teve sua carreira interrompida por enfrentar a ditadura – e sua história acabou sendo esquecida.

“É muito importante homenagear pessoas que são, muitas vezes, esquecidas, como foi a história da Irenice. É uma honra muito grande receber essa medalha, me sinto um itabiritense de coração aberto. Há toda uma luta, muita dificuldade, mas há um mérito muito grande de se realizar. Então vale muito a pena”, ressaltou Toninho Telefunken, um dos homenageados.

O prefeito de Itabirito, Orlando Caldeira, destacou a importância da data. “É muito importante valorizarmos a cultura negra e a sua contribuição para a nossa formação. Somos todos iguais, por isso devemos combater qualquer tipo de discriminação racial e reconhecer a contribuição de cada um na construção da nação brasileira”, concluiu o prefeito.

Encerramento

O último dia de programação foi marcado por um Tributo a Zumbi e Dandara, que contou com muita música, dança, capoeira e atrações como: Black Samba Music, Grupo Cativeiro, Bloco Axé Igbá e Bloco Urucum, animando o público que compareceu no Complexo Turístico da Praça da Estação.

A grande atração da noite foi o compositor, cantor e percussionista, Sérgio Pererê. Com um trabalho que possui raízes na cultura afro-brasileira, ele contagiou todo o público presente. “O fato de ser um artista negro e ter vários elementos de música negra em minhas composições ganha uma conotação diferente do que seria só fazer arte. Tem muita coisa que a gente não sabe sobre a história e a cultura negra no Brasil”, explica o artista.

Para Sérgio Pererê, é importante ter a arte como arma contra o racismo e a intolerância religiosa, por isso busca transmitir essa mensagem em seu trabalho. “É sempre legal poder levar a nossa arte para dentro do nosso estado. Eu me sinto muito feliz, não só por ser a Semana da Consciência Negra, mas em poder estar aqui em Itabirito, nessa terra que é cheia de talento”, afirma.