Enfermeira de Ouro Preto faz depoimento chocante sobre a Covid-19, assista ao vídeo

A enfermeira Magalí, servidora da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, publicou um depoimento, nessa segunda-feira (21), com uma mensagem chocante e super realista sobre as condições que envolvem o combate ao coronavírus. Este relato serve de reflexão às pessoas que insistem em não cumprir as medidas sanitárias (uso de máscara, álcool-gel e não aglomerar). Itabirito faz parte da mesma microrregião e a Santa Casa de Ouro Preto, sempre que possível, recebe pacientes graves de Itabirito. Assista o vídeo no fim desta matéria.
Depoimento:
“A Covid-19 é um desprazer. É um desprazer tentar acalmar um paciente de 30 anos sem comorbidades e que vai ser intubado porque já não consegue mais respirar sozinho.
É um desprazer ver idosos perguntando por que Deus fez aquilo com eles. É um desprazer olhar o histórico de um paciente e ver que ela é mãe há oito dias, tem 37 anos e não consegue conhecer o seu bebê. E provavelmente não vai conseguir ver o seu rostinho nem uma única vez.
A Covid é um soco no estômago quando a gente tem que conversar com um paciente e ele pergunta se vai morrer e a gente não pode dizer que não, porque ele tem mais de 80% do pulmão comprometido.
É um soco no estômago quando alguém percebe que vai ser intubado e pede segurando a sua mão para ir para casa, pedir à família que fique perto. Só que não temos tempo, já é tarde.
É um soco no estômago quando, nos cinco minutos antes da intubação, eles falam que vão te ver em uma semana, quando eles, nos últimos segundos, conscientes, não choram.
Eu nem sei como explicar a sensação de começar a reanimar uma pessoa que há dois dias estava bem e que, agora, simplesmente parou. Eles morrem sozinhos… Os familiares não têm nem a chance de segurar suas mãos.
Por favor, fiquem em casa, não se aglomerem! Nós estamos lotados, sem leitos e sem respiradores. Isso não é a mídia que está dizendo, somos nós. Eu não quero ter que reanimar ou intubar ninguém da família de vocês. Por favor, fiquem em casa!”.
Captação e edição: Léo Vieira/PMOP