Empresário que morreu em queda de avião em Piracicaba, era réu por manter 28 escravos em fazenda

Celso Silveira Mello Filho, empresário no ramo agropecuário que faleceu ontem em um acidente de avião, após decolar rumo ao Pará, com previsão de pouso também em município do Tocantins (TO), respondia na Justiça a pelo menos três processos por manter trabalhadores em situação análoga à escravidão, em fazendas no Pará e em outros estados.
Celso Silveira Mello Filho estava viajando com a família quando o avião caiu, após decolar de Piracicaba, onde tinha residência. Todas as sete pessoas no voo morreram: Celso, a esposa, três filhos, o piloto e o copiloto. O avião explodiu ao bater em um barranco. Ainda não se sabe o motivo do acidente. O avião caiu em uma área de morro, e focos de incêndio atingiram a área verde e árvores, após a explosão seguida da queda, detalhou um boletim de ocorrência da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
Fazenda do empresário era acusada de trabalho escravo
O modelo da aeronave King Air 360 prefixo PS-CSM, era de propriedade da CSM Agropecuária, uma das empresas dirigidas por Celso Silveira Mello Filho. As atividades da CSM em fazendas paraenses e de outros estados fizeram o empresário se tornar réu em pelo menos três processos criminais, após flagrantes de trabalhos análogos à escravidão, em 1999, 2000 e também em 2010. As informações são do site Repórter Brasil.
A CSM era proprietária da Fazenda Tarumã, instalada em Santa Maria das Barreiras (PA), e onde uma operação realizada em 2010 pelo grupo móvel de fiscalização com membros do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Federal (PF), encontrou 28 trabalhadores rurais vivendo em construções precárias.
Segundo a publicação de 26 de abril de 2010, na área da fazenda Tarumã, os trabalhadores não tinham acesso a estruturas básicas como sanitários, nem a água ou fiação elétrica. Eles também dividiam espaços de moradia até com cavalos e mulas, e eram submetidos a longas jornadas, com rotinas de trabalho das 5h da manhã às 18h, sem descansos regulares.
Na época do flagrante, em 2010, a fazenda Tarumã possuía 30 mil cabeças de gado nelore e gado leiteiro. Além da sede da fazenda, a área guardava máquinas e outras construções, como pista de pouso com hangar para aviões de pequeno porte. Celso já era réu reincidente em ações por manitenção de trabalho análogo à escravidão por causa de infrações registradas também na área da fazenda Vale Bonito Agropecuária S/A – que já integrou a “lista suja” do trabalho escravo, entre 2003 e 2005.