Novamente, os pacientes de Itabirito que fazem diálise no Hospital Monsenhor Horta – Sociedade Beneficente São Camilo (SBSC), em Mariana, se veem em uma situação de descaso. Após as reclamações sobre a alimentação inadequada servida aos pacientes e a denúncia sobre as más condições dos veículos que fazem o transporte das pessoas que estão na luta contra a insuficiência renal, na manhã desta sexta-feira (27), pacientes da diálise procuraram o Sou Notícia para relatar que o veículo que faz o transporte até Mariana estava com o pneu vazio.
“Nós saímos da hemodiálise e o pneu do ônibus está vazio. Aí o menino (motorista) falou que um pneu está vazio e, se for levar nós no ônibus, vai forçar os outros pneus. Ele está aqui ligando para ver se mandam outro carro, porque eles queriam que nós fossemos nesse ônibus de todo jeito. Não tem condições de ir nesse ônibus. Ele está aqui parado na porta do hospital. O ônibus está aqui caindo aos pedaços. Não temos hora pra chegar em casa, porque não sabemos quando que vamos sair daqui”, denunciou uma paciente que faz o tratamento na primaz de Minas.
Outro morador de Itabirito que faz diálise em Mariana também procurou o Sou Notícia para relatar o descaso. “Nós fazemos diálise aqui em Mariana e o carro quebrou. Os carros estão todos ruins. Eu, principalmente, sai do hospital tem 25 dias. Eu não podia nem estar aqui e o pessoal está com fome. Não estamos mais no tempo da escravidão. Eu sou preto mas não sou escravo. É uma sem-vergonhice, porque se fosse um prefeito, um chefe da prefeitura, já tinham mandado um carro pra levar eles. Como somos nós, estão fazendo pouco caso. Tem gente que já está com fome; uma senhora de quase 80 anos aqui. É falta de vergonha o que estão fazendo com nós”, disse o homem, que fez uma cirurgia no coração recentemente.
As reclamações se acumulam diante de mais um problema enfrentado pelos moradores de Itabirito. “Um moço que está aqui que fez cirurgia de coração há poucos dias está aqui no meio-fio, sentado, passando mal, quase chorando, com fome. Tem uma senhora de quase 80 anos que é diabética também. Não temos uma alimentação nem nada. Diz que um carro vai sair agora de Itabirito, porque conseguiram com muito custo. Até que chegue, já vai ser quase 13h e vamos chegar em casa quase 15h, de novo, e com fome”, disse uma paciente.
“Esperar a hemodiálise de Itabirito ficar pronta? Até ficar pronta, eu não vou mais estar aqui e muitos não estarão aqui mais também. Nós já teremos morrido. Estamos todos com barriga vazia. Graças a Deus, comida na minha casa não falta, mas eu estou brigando por um direito meu”, lamentou uma paciente que faz diálise.
O vereador Anderson Martins (MDB) foi procurado pelos pacientes da diálise e se pronunciou. “Quando eu escuto um pedido de socorro vindo da população que depende de execução da minha parte, me sinto impotente, triste e no lugar deles. Eu estou, mais uma vez, entrando em contato com a Secretaria de Saúde e com o prefeito municipal. Vou pontuar que existem muitos ônibus ruins; lotações ruins; micro-ônibus ruins que fazem esse serviço de hemodiálise. Lembrando que, se tem muitos carros alugados, zero, que andam pela cidade, por que não colocar um alugado, zero, pra atender a hemodiálise? Eu peço urgência nisso”, destacou o vereador.
Ao vereador Anderson Martins, o prefeito de Itabirito, Orlando Caldeira (Cidadania), afirmou que já está cuidando da situação e que um outro veículo já foi para Mariana. O prefeito também assegurou que houve uma autorização para pagar um almoço para os pacientes que fazem diálise, para que eles não voltem para Itabirito com fome.