
Uma pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que bebês acompanhados em Itabirito, e outras cidades mineiras, como Uberlândia, Contagem, Ipatinga e Nova Lima, representam alto índice de casos suspeitos de atraso no desenvolvimento infantil, segundo resultados preliminares.
O acompanhamento é feito com 560 bebês de Minas Gerais que nasceram durante a pandemia de Covid-19, para avaliar os impactos da infecção durante a gravidez e da própria pandemia no desenvolvimento e comportamento das crianças nos primeiros dois anos de vida.
Os bebês estão sendo acompanhados desde o nascimento e a pesquisa de anticorpos contra o coronavírus foi feita na primeira semana após o parto.
Os participantes foram separados em dois grupos, sendo um com 196 mães com sorologia positiva para Covid-19 e, outro, com 364 mães que testaram negativo.
Segundo a UFMG, a primeira triagem foi feita aos seis meses de vida, por meio de inquérito telefônico realizado com as mães, usando um instrumento padronizado chamado SWYC. Os resultados preliminares indicam que 22% dos bebês apresentaram suspeita de atraso no desenvolvimento global e cerca de 52% apresentavam algum tipo de problema de comportamento, como irritabilidade e inflexibilidade.
Chamou atenção dos pesquisadores a presença de fatores de risco no ambiente familiar, como uso abusivo de álcool e drogas (32%), insegurança alimentar (29%) e depressão materna (16%). “Comparando com estudos anteriores, a vulnerabilidade psicossocial encontrada nesta amostra foi superior à observada antes da pandemia”, afirma a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Cláudia Lindgren.
Agora, aos 12 meses de vida, os bebês estão passando por avaliação do desenvolvimento e da linguagem para confirmação do diagnóstico. “Fazemos uma série de testes para confirmar a suspeita de atraso e, se necessário, começar uma intervenção o mais cedo possível e minimizar os possíveis prejuízos a longo prazo”, pontua a professora.
Desde abril de 2022, os casos com suspeita de atraso estão sendo avaliados presencialmente com testes para diagnóstico de problemas de desenvolvimento e de linguagem, chamados Escala Bayley e ADL, que trarão melhores evidências sobre o cenário. Ao todo, o acompanhamento irá durar por dois anos e será feito via inquéritos por telefone, consultas e testes de desenvolvimento dos bebês dos grupos soropositivo e controle.