Cachoeira do Campo: aulas são suspensas em creche após divulgação de denúncia pelo Sou Notícia
O Sou Notícia teve acesso a uma nota divulgada no grupo do WhatsApp da Creche Zezinho Pedrosa, situada no distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais. A nota, encaminhada aos familiares de alunos, na noite de quinta-feira (23), e atribuída às professoras e cuidadoras da creche, informa a suspensão das atividades presenciais nesta sexta-feira (24), devido à repercussão de uma matéria publicada pelo site. A reportagem abordava a denúncia de uma mãe sobre um suposto caso de maus tratos e abuso sexual contra uma criança de três anos na instituição.
Conforme a nota, as profissionais da creche estariam enfrentando ameaças e xingamentos em decorrência da matéria, além de relatos de ameaça de depredação à instituição. A mensagem das professoras e cuidadoras também confirma a denúncia registrada na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, em Ouro Preto, conforme noticiado pelo Sou Notícia.
As profissionais da creche manifestaram “indignação em relação a essa denúncia infundada”, destacando que estão “certas da inocência das pessoas acusadas”. No entanto, a nota classifica a matéria do Sou Notícia como “irresponsável”, o que se torna o foco de discussão nesta reportagem.
É crucial ressaltar que a matéria foi elaborada com base no relato da mãe da criança, respaldada pela confirmação da abertura do inquérito policial pela Polícia Civil de Minas Gerais e pela informação da Secretaria de Educação de Ouro Preto, que indicou ter conhecimento da situação e ter adotado medidas.
A reportagem do Sou Notícia não expõe a identidade da criança ou da profissional supostamente envolvida no caso, tampouco afirma a veracidade do abuso. O texto relata o testemunho da mãe e as informações sobre a abertura do inquérito, fornecidas pela Polícia Civil por meio de nota.
Há uma investigação em andamento contra a creche, e o Sou Notícia, no exercício ético do jornalismo, repercutiu a denúncia. A definição de culpabilidade ou inocência caberá às autoridades competentes, pois existem órgãos designados para investigar e determinar se o abuso ocorreu. Esse papel não cabe às profissionais da creche, que já concluiram, intuitivamente, que não houve o episódio.
O posicionamento da creche pode ser interpretado como uma tentativa de censura à imprensa, considerando que o Sou Notícia agiu dentro dos limites do jornalismo, divulgando um fato em andamento. No entanto, é válido destacar que o fato em questão é a investigação da Polícia Civil, ainda sem uma conclusão definida.
A imprensa é livre e busca apurar os fatos. Neste caso, devido ao sigilo da investigação em curso, não é possível fornecer detalhes sobre a situação, o que só será possível após a conclusão do inquérito policial.
A identidade da criança está sendo preservada, de acordo com as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Entretanto, o Sou Notícia reitera seu compromisso em relatar casos que merecem atenção, lembrando que, até o momento, não há um culpado definido, mas a necessidade de uma investigação adequada permanece.
Nota das professoras e cuidadoras da Creche Zezinho Pedrosa aos familiares
Foi com um misto de surpresa, tristeza e indignação que recebemos, por meio da matéria irresponsável publicada hoje pelo Jornal Sou Notícia a informação de que existiria uma denúncia de crime sexual supostamente ocorrido na Creche Zezinho Pedrosa.
A divulgação da notícia gerou uma série de mensagens de ataque à creche e aos seus funcionários, desde os xingamentos por meios de palavras de baixo calão, à ameaça de morte às funcionárias e de depredação da instituição de ensino.
Conforme apuramos, de fato foi registrada uma denúncia na Delegacia da Mulher de Ouro Preto contra a Creche e a investigação segue em segredo de justiça tendo em vista a necessidade de se proteger a integridade da criança.
Contudo, vimos publicamente manifestar nossa indignação em relação a essa denúncia infundada! Estamos certas da inocência das pessoas acusadas! Pelas informações que já dispomos é possível conhecer as circunstâncias que deram ensejo a esse tipo de denúncia, embora o sigilo colocado à investigação e a necessidade de preservar o anonimato e a integridade da criança envolvida não nos permita oferecer informações que possam prontamente esclarecer o ocorrido. Mas temos certeza da inocência das pessoas acusadas e sabemos que em curto prazo tudo será resolvido!
Nesse momento estamos consternadas, abaladas psiquicamente e indignadas com toda essa situação. De modo que é impossível retornar à escola amanhã para desenvolvermos o nosso trabalho junto aos seus filhos e filhas. Assim comunicamos que amanhã paralizaremos as nossas atividades em protesto ao ocorrido. Utilizaremos o dia para nos manifestarmos contra esse absurdo e todas as consequências danosas que ele já gerou.
Certos da compreensão
Pedimos desculpas pelo transtorno, mas são nossas vidas e reputação que estão em jogo.