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Júlio César Agripino conquista ouro nos 5.000m T11 com novo recorde mundial nas Paralimpíadas de Paris 2024

Com o espírito de “chegar pra moer”, o brasileiro Júlio César Agripino, de 33 anos, surpreendeu o mundo ao conquistar a medalha de ouro nos 5.000 metros, categoria T11 (deficiência visual), nas Paralimpíadas de Paris 2024, estabelecendo um novo recorde mundial com o tempo de 14min48s85.

O recorde anterior (14min53s97) pertencia ao também brasileiro Yeltsin Jacques, de 32 anos, que foi o campeão da prova nos Jogos de Tóquio. Apesar de superar sua própria marca com 14min52s61, Yeltsin ficou com a medalha de bronze, enquanto o japonês Kenya Karasawa levou a prata.

Diagnosticado com ceratocone, uma doença degenerativa na córnea, aos 7 anos, Agripino atribuiu grande parte de seu sucesso ao trabalho dos atletas-guia, Edelson Almeida e Micael dos Santos, que estavam visivelmente emocionados após a vitória. “Além de serem os nossos olhos, eles nos ajudam também psicologicamente”, explicou Agripino. “A gente sempre conversa que isso aqui é um casamento. Não é todo dia que é mil flores, mil maravilhas, a gente briga, mas dentro da pista a gente faz a diferença.”

Durante a prova, Agripino liderou desde o início, com Karasawa em seu encalço. Ele revelou que seus guias desempenharam um papel crucial ao alertá-lo sobre a proximidade do adversário: “O Edelson falava: ‘O japonês vai passar, dá uma pancada.’ Aí dei uma pancada, já mexeu no psicológico do japonês. Aí ele falou de novo, ‘Júlio, o japonês está chegando de novo’, dei outra pancada e foi isso que aconteceu.”

A conquista de Agripino veio apesar de uma torção no pé direito sofrida no início do mês, durante os treinos em Font-Romeu, na França. “Acabei virando o pé. Mas furei o protocolo médico e falei: ‘A gente vai ganhar essa bagaça.'”

Yeltsin Jacques, o medalhista de bronze, enfrentou desafios próprios, como uma microrruptura na panturrilha esquerda e uma virose contraída um mês e meio antes dos Jogos. “Consegui reorganizar a casa e sair daqui com uma medalha, levar um pedacinho da Torre Eiffel para o Brasil”, comentou, referindo-se às medalhas de Paris, que contêm 18 gramas de ferro original do famoso monumento.

Agripino fez questão de parabenizar o compatriota Yeltsin. “É um cara que tem muita história dentro do paradesporto. Respeito demais ele, mas sabia que hoje era o meu dia e ninguém ia passar por cima da gente.”

Essa foi a segunda medalha de ouro para o Brasil nas Paralimpíadas de Paris 2024, após a conquista de Gabriel Araújo nos 100m costas da categoria S2 na natação.

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