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Família de mulher morta em acidente de carro suspeita de feminicídio em Cachoeira do Campo

Uma reviravolta pode dar novos rumos à investigação sobre a morte de Dhayne Manoela Tomaz, de 27 anos, moradora de Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, que faleceu na madrugada da última segunda-feira (05), em um acidente na BR-356.

Ao contrário do que foi repercutido nas redes sociais sobre a morte da jovem, o acidente pode, na verdade, não ter sido uma fatalidade. Isso porque, segundo familiares da vítima, o filho de Dhayane, uma criança de 8 anos, que estava no veículo no momento do acidente e sobreviveu, revelou que o parceiro da mulher, o condutor do veículo, um homem de 21 anos, afirmou que jogaria o carro em uma ribanceira para matar os três.

A família de Dhayane procurou o Sou Notícia para relatar as suspeitas de que ela tenha sido vítima do crime de feminicídio.

O acidente

Foi na madrugada do dia 05 de dezembro que Dhayane perdeu sua vida, em um acidente de carro próximo ao Viaduto do Funil, na BR-356, entre Cachoeira do Campo e Ouro Preto. O veículo era conduzido pelo namorado da vítima. No carro também estava o filho de Dhayane.

Os três teriam saído de um bar, na noite de domingo (04), e seguiam para a casa onde Dhayane residia com seu filho e uma tia. Entretanto, o namorado da vítima teria saído da rota, indo em direção a Ouro Preto, onde o carro acabou caindo em uma ribanceira.

“Por volta de 00:30 da madrugada de segunda-feira, eles estavam indo para casa da tia da minha irmã, onde ela morava, e começaram a discutir, segundo meu sobrinho. Foi onde ele desviou a rota e pegou a rodovia, sentido a Ouro Preto, indo até o Viaduto do Funil”, afirmou Tatiane, irmã de Dhayane.

Dhayane foi a única vítima fatal do acidente. O filho dela, a criança de 8 anos, teve ferimentos leves, assim como o condutor do veículo, que não sofreu complicações após a queda do veículo.

O homem foi preso em flagrante, por homicídio e lesão corporal, sob efeito de álcool. A família da vítima afirma que o ele pagou fiança e foi solto, informação que ainda não foi confirmada ao Sou Notícia, uma vez que nossa equipe tentou contato com a Polícia Civil e não obteve retorno.

Fotos enviadas pela família de Dhayane.

Novas revelações apontam para possível feminicídio

Apesar do caso ser entendido inicialmente como um acidente, a situação pode se tratar de um crime. O filho de Dhayane alegou para família que houve um desentendimento entre sua mãe e o companheiro dela, quando o homem teria afirmado que jogaria o carro da ribanceira para matar os três.

“Até então, achávamos que tinha sido um acidente, mas meu sobrinho nos contou que o B. (nome do companheiro da Dhayane) falou que ia matar todos que estavam no carro, inclusive ele próprio”, disse a irmã da vítima.

A primeira pessoa a quem o menor contou sobre a discussão do casal e a possível afirmação do namorado de sua mãe foi para uma amiga da família, ainda na noite do acidente. Após a revelação da criança, a família de Dhayane, então, passou a defender que ela foi vítima de um feminicídio.

Família não sabia de problemas no namoro

Segundo a irmã de Dhayane, o casal estava junto há aproximadamente 6 ou 7 meses. A família não tinha conhecimento de problemas na relação.

Tatiane afirmou que o homem teria postado um vídeo na manhã de domingo, com registros do casal em momentos felizes. Ainda conforme afirmações da irmã da vítima, Dhayane e seu parceiro estavam juntos o dia inteiro e teriam ido a uma festa horas antes da ocorrência que terminou em morte.

Apesar disso, a irmã da vítima disse que o homem era muito calado, não tinha o hábito de se enturmar com a família, ao contrário de Dhayane, que tinha muitos amigos, conversava com muitas pessoas e tratava todos com carinho. Por isso, segundo relatos de pessoas ditos à família por pessoas que convivia com o casal, o homem tinha ciúmes da namorada.

“Nós ficamos apavorados, porque pelo que ela relatava e nas vezes que vi ele, parecia uma pessoa que gostava muito dela e ela também estava muito feliz; não demonstrou raiva em nenhum momento ou que ia fazer alguma coisa. Muito pelo contrário. Eles estavam fazendo planos juntos. Eu acho que foi cíumes que causou essa tragédia toda e eu acredito sim que foi intencional, porque foi meu sobrinho quem falou e ele não ia mentir”, disse Tatiane.

A irmã de Dhayane acredita que a versão da criança é verdadeira porque não há marcas no asfalto da rodovia que indiquem uma tentativa de impedir que o veículo caísse na ribanceira. “Ele (filho de Dhayane) era muito agarrado nela e está muito traumatizado. Ele não ia mentir para nós, por isso acredito que deva ter acontecido isso mesmo, até mesmo porque não tem marcas no asfalto. Se tivesse sido um caso de perda de controle, teria marcas no asfalto. São muitas coisas que levam a crer que foi feminicídio”, acrescentou.

Mensagens no celular levantam suspeitas

Tatiane afirmou estar com o celular do namorado de Dhayane. “Nós vimos algumas mensagens da mãe dele para ele, no domingo mais cedo, parecendo muito preocupada com ele”, revelou.

Ainda no celular, Tatiane percebeu que há várias ligações da mãe do suspeito pelo crime de feminicídio no dia do ocorrido. “Pode ser que a briga tenha começado até mais cedo”, refletiu a irmã de Dhayane.

Justiça

De acordo com Tatiane, a família foi até a Polícia Civil e o namorado de Dhayane ainda estava na delegacia. Ela conta que um sargento teria dito que o homem continuaria preso, pois trata-se de um crime inafiançável. “O sargento falou que ele continuaria preso; que era um crime inafiançável, porque havia consumo de álcool; que nós tínhamos que aguardar de 30 a 40 dias para sair o resultado da perícia. Até assustamos com a notícia de que ele estava solto na manhã do dia seguinte. Por isso estamos revoltados”, contou.

“Ele foi preso mas já foi solto porque pagou fiança, pelo que estamos sabendo, porque foi um crime de trânsito, porque ele estava embriagado, mas na verdade não foi; Foi um feminicídio; ele quis fazer isso. Queremos justiça. Que ele seja preso e pague pelo que fez. O que eu quero é que o culpado seja punido. Foi minha irmã a vítima do ‘acidente’. Ele tirou a vida de uma mãe, de uma irmã”, enfatizou Tatiane.

“O filho dela sobreviveu por um milagre. Deus guardou a vida dele para que todos nós soubéssemos o que realmente houve com a Dhayane. Precisamos de ajuda para que ele possa ser punido”, finalizou.

Protesto

Neste domingo (11), haverá uma manifestação pedindo por esclarecimentos e justiça. O protesto vai acontecer após a missa de sétimo dia, prevista para 7h, na Igreja Matriz Nossa Senhora de Nazaré, em Cachoeira do Campo.

Depois da celebração, familiares e amigos de Dhayane vão se encaminhar para o local do acidente, onde farão a manifestação. A família pede que quem for participar do protesto use roupa branca.

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