Poeta ouro-pretano Guilherme Mansur morre aos 65 anos
A comunidade artística e literária lamenta profundamente o falecimento de Guilherme Mansur, um polivalente artista mineiro, poeta, editor, designer, artista plástico e tipógrafo, que faleceu aos 65 anos nesta quarta-feira, 27 de setembro, em Belo Horizonte. Natural de Ouro Preto, Mansur enfrentou complicações decorrentes de uma pneumonia, após passar três meses internado no Hospital Madre Tereza. Ele chegou a compartilhar em suas redes sociais, em 13 de setembro, que estava sendo transferido para outro hospital na esperança de se recuperar, mas, infelizmente, não resistiu.
Durante seu período de internação, Guilherme Mansur recebeu visitas diárias de amigos e familiares, incluindo sua mãe, dona Terezinha, de 90 anos, que esteve ao seu lado.
Mansur, cuja mobilidade foi afetada devido à esclerose múltipla, está sendo velado nesta quinta-feira, 28 de setembro, na Casa de Gonzaga, na cidade natal, Ouro Preto. O sepultamento está agendado para as 16h30, no Cemitério de São José, também em Ouro Preto.
Uma das contribuições mais notáveis de Guilherme Mansur para a cultura brasileira foi o projeto “Chuva de Poesias”, que ele fundou há mais de duas décadas. Neste projeto singular, milhares de folhas soltas, coloridas com tipografias especiais, eram lançadas ao vento do alto das torres históricas de Ouro Preto, ao som dos sinos das igrejas locais.
Nascido em 31 de maio de 1958, Guilherme Mansur teve uma carreira multifacetada e influente. Nos anos 1970, ele participou ativamente do movimento de “Arte Postal” e esteve envolvido na “International Mail-art Exhibition” em Monza, Itália. Além disso, fundou e editou a revista-saco “Poesia Livre” por nove anos.
Mansur também era conhecido como “tipoeta”, apelido dado pelo amigo e poeta Haroldo de Campos (1929-2003). Ele editou livros de poesia de renomados autores brasileiros, como Álvaro Andrade Garcia, Carlos Ávila, Sylvio Back, Jussara Salazar, Régis Bonvicino, Laís Corrêa de Araújo, Paulo Leminski e Alice Ruiz, entre outros.
Nos anos 1990, Mansur editou a série de poemas-cartazes “Não/Nada” com a participação de artistas como Augusto de Campos e Arnaldo Antunes. Além disso, desenvolveu projetos de poema-instalação e publicou seu primeiro livro de poesia, “Os sete fôlegos”, mais tarde reeditado em parceria com Haroldo de Campos sob o título “Gatimanhas & Felinuras”.
Mansur também teve um papel fundamental na reforma gráfica do “Suplemento Literário de Minas Gerais”, onde trabalhou como paginador por oito anos. Ele publicou a plaquete “Hai-Kais”, em colaboração com Alice Ruiz, e criou a fonte digital “Verga”, que foi publicada na revista “Tupigrafia”.
Recentemente, Mansur estava colaborando com o cineasta João Dumans em um projeto de filme-performance intitulado “O Lobo do Homem”, uma reflexão profunda sobre seu estado de saúde e o mundo que o cercava.
O legado de Guilherme Mansur na arte e na poesia continuará a inspirar gerações futuras, e sua ausência será profundamente sentida por todos aqueles que tiveram a honra de conhecer sua obra e sua personalidade única.
Nas redes sociais, a Prefeitura de Ouro Preto divulgou uma nota para lamentar a triste perda. “Comunicamos o falecimento do poeta Guilherme Mansur Barbosa, um dos nomes importantes na poesia brasileira e que deixa obras reconhecidas pela força da invenção e pacto com a visualidade. O velório será a partir das 8h30, na casa de Gonzaga, localizada na Rua Cláudio Manuel. Expressamos nossos sentimentos aos familiares e amigos neste momento de dor.”