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Espetáculo ‘Luta’ com Teuda Bara será realizado nesta sexta-feira (19) na Casa da Ópera, em Ouro Preto

O Festival Teatro em Movimento e Instituto Cultural Vale, com curadoria e coordenação geral de Tatyana Rubim, apresentam o espetáculo “Luta”, dirigido e escrito por Cléo Magalhães, Marina Viana e João Santos, autor de “Teuda Bara: Comunista demais para ser Chacrete”. A peça explora como se constrói um mito e é criada para e com Teuda Bara, uma atriz com mais de 40 anos nas artes cênicas. A montagem passa por suas memórias, ficcionalizando sua história, criando imagens, contando casos e elegendo a Luta como alegoria para o teatro e a vida. A única apresentação ocorre no dia 19 de julho, sexta-feira, às 20h, na Casa da Ópera, em Ouro Preto, durante o Festival de Inverno. A entrada é gratuita, com acesso por ordem de chegada.

Em “Luta”, o palco se transforma em um ringue para que Teuda Bara possa contar sua história. Ela não domina o tempo, mas o conhece com intimidade: se prepara, senta-se e fala das coisas que viveu. Integrante e fundadora do Grupo Galpão, Teuda subverte e ressignifica suas próprias memórias no espetáculo. De Chacrinha a Getúlio Vargas, de Nossa Senhora do Rosário à maconha, da ditadura ao desbunde, a história de Teuda se confunde com a história do Brasil e do teatro brasileiro. O espetáculo é uma batalha e pretende ser menos sobre o passado e mais sobre a construção de um futuro iluminado.

Aquecimento

“Aqueles que falamos que não passariam… passaram. E agora? Vamos ter que vender limão no sinal para pagar as contas? Talvez. Mas continuaremos fazendo teatro. Aqui estamos nós, subindo neste palco novamente. De pé. Prontos para a Luta.”

O espetáculo “Luta” dá sequência à parceria de Teuda Bara com João Santos. O jornalista começou a escrever o perfil biográfico da atriz, “Teuda Bara: Comunista demais para ser Chacrete” (Editora Javali), em 2011. Em 2015, foi convidado por ela para assinar a dramaturgia do espetáculo “Doida”, inspirado em um conto de Carlos Drummond de Andrade, no qual Teuda dividiu a cena com seu filho Admar Fernandes, sob direção de Inês Peixoto. Durante a apresentação de “Doida”, Teuda e João ouviram a sugestão da atriz e diretora Cida Falabella: “vocês deveriam levar o livro para os palcos”. A vontade de criarem juntos um novo espetáculo já existia, e os acontecimentos sociais e políticos do Brasil ao final de 2018 foram o empurrão que faltava. Antes de voltar ao salão de ensaio, Teuda e João convocaram outros parceiros: Marina Viana e Cléo Magalhães.

Primeiro Round

O primeiro movimento na construção de “Luta” foi o retorno ao livro “Comunista demais para ser Chacrete” e todo o material recolhido em sua pesquisa. João Santos esboçou uma primeira versão dramatúrgica do texto e apresentou para Teuda. “Lemos juntos, rimos muito. Quando perguntei se ela tinha gostado, ela respondeu que sim, mas vi que havia um certo incômodo. Até que ela me perguntou: ‘esse negócio de ficar falando de mim mesma não é muito Dercy Gonçalves?'” A vontade era fugir da mera narrativa biográfica documental. “Teuda pra mim não é mito, porque mitos são mentiras. Ela é verdade e carrega tanta coisa em sua história que consegue encarnar um anseio libertário, uma resistência pela arte e pela alegria”, conta João. Com a chegada de Cléo e Marina, o trabalho ganhou novos contornos. A luta-livre, eleita como alegoria do teatro, permitiu a construção de imagens e ações que, dialogando com Teuda, acabavam contando mais do que palavras.

Segundo Round

Teuda novamente começou a agregar. Enquanto Cléo, João e Marina dirigiam os ensaios, começaram a intervir na cena em diálogo com Teuda. “Luta” é um solo de Teuda Bara, o primeiro de sua carreira de mais de quatro décadas. Mas Teuda não está sozinha na luta. Os diretores/dramaturgos comentam, dialogam e provocam, quase como público, numa estratégia que visa a aproximação com a plateia. Beatriz Radicchi assume a produção do espetáculo, Taísa Campos a cenografia e Fabiano Lanna o Vídeo Mapping. A captação de imagens, edição e fotografias são de Pedro Estrada e Lucas Calixto. Marina Arthuzzi divide o desenho de luz com Rodrigo Marçal.

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