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Mais de 40 barragens estão em situação de alerta ou emergência em Minas Gerais

Seis anos após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, que resultou em 270 mortes, Minas Gerais ainda convive com o risco relacionado a estruturas de mineração. Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) apontam que o estado possui 43 barragens em nível de alerta ou emergência, de um total de 102 em todo o país.

As barragens em situação crítica estão espalhadas por 19 municípios, com maior concentração na Região Central. Entre elas:

  • 15 barragens em nível de alerta: apresentam anomalias sem risco imediato, mas que requerem controle e monitoramento.
  • 22 barragens em nível de emergência 1: possuem alto risco, entre outros critérios.
  • 4 barragens em nível de emergência 2: têm anomalias não controladas.
  • 2 barragens em nível de emergência 3: ruptura é inevitável ou está em curso.

As barragens Forquilha III, da Vale, em Ouro Preto, e Serra Azul, da ArcelorMittal, em Itatiaiuçu, estão entre as mais preocupantes, ambas construídas pelo método a montante — o mesmo das tragédias de Brumadinho e Mariana. Essa técnica, proibida no Brasil desde 2020, utiliza rejeitos para erguer alteamentos e está associada a maiores riscos de colapso.

Apesar da proibição, a descaracterização dessas barragens está atrasada. Forquilha III tem conclusão prevista apenas para 2035, enquanto Serra Azul deve ser descaracterizada até 2032.

O rompimento de Brumadinho despejou 12 milhões de m³ de rejeitos, devastando comunidades e o Rio Paraopeba. Das 270 vítimas fatais, três seguem desaparecidas: Maria de Lurdes da Costa Bueno, Nathália de Oliveira Porto Araújo e Tiago Tadeu Mendes da Silva.

O Corpo de Bombeiros mantém as buscas, utilizando inteligência artificial para inspecionar materiais coletados. Até o momento, 1.045 segmentos humanos foram localizados, sendo 28 ainda em análise.

Em janeiro de 2023, a Justiça Federal aceitou denúncia contra a Vale, a consultoria Tüv Süd e 16 pessoas. A Tüv Süd é acusada de emitir laudos de estabilidade, mesmo ciente dos problemas estruturais. Contudo, o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, teve o processo arquivado.

As empresas envolvidas afirmam estar comprometidas com a reparação. A Vale prevê retirar Forquilha III do nível de emergência 3 até o fim deste ano, enquanto a ArcelorMittal destacou que Serra Azul está desativada desde 2012 e sob monitoramento constante.

A tragédia de Brumadinho segue como um alerta para os desafios pendentes na segurança e fiscalização das barragens em Minas Gerais e em todo o Brasil.

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