Para 94% dos brasileiros, receita de impostos deveria ser destinada aos pobres
A maioria dos brasileiros (86%) acredita que o progresso do Brasil está diretamente ligado à redução da desigualdade econômica entre ricos e pobres. E 94% concordam que a receita com impostos deve ser usada para beneficiar os mais pobres. Além disso, 77% defendem o aumento de tributos para pessoas muito ricas.
Esses são alguns dos resultados da segunda edição da pesquisa Oxfam/Datafolha, realizada em fevereiro com dois mil brasileiros, de 130 cidades de todo o Brasil. Ainda de acordo com o estudo, cresceu a percepção sobre discriminação de mulheres e negros no mercado de trabalho.
Segundo a organização internacional, o levantamento indica que a sociedade brasileira percebe os problemas da distribuição de renda no país, mas ainda não compreende o real tamanho das desigualdades brasileiras. Dados do Banco Mundial mostram que a crise levou mais 7,3 milhões de pessoas à pobreza no país . Esses brasileiros passaram a viver com até US$ 5,50 por dia.
Só avançaremos no combate às desigualdades se os temas do racismo, da discriminação de gênero e do respeito à diversidade tiverem a mesma urgência que os temas econômicos e fiscais – afirma Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil.
O presidente do conselho deliberativo da entidade, Oded Grajew, complementou dizendo que há um descompasso entre as percepções da sociedade sobre as desigualdades e a agenda política do país:
– É fundamental que os temas sobre a disparidade da renda entre o topo e a base da pirâmide sejam tratados com a mesma urgência dadas às soluções econômicas e fiscais.
O tema tributação foi outro assunto abordado pelos entrevistados: quatro em cada cinco brasileiros concordam com o aumento dos impostos de pessoas muito ricas para financiar políticas sociais, ante 71% em 2017. Para 94% da amostra, o imposto pago deve beneficiar os mais pobres.
Quando questionados sobre as prioridades para a redução das desigualdades, os entrevistados deram uma nota de zero a dez às alternativas propostas: o combate à corrupção ganhou nota de 9,7, e o investimento público em saúde, assim como a maior oferta de emprego e investimento público em educação, tirou a média de 9,6.
FONTE: O GLOBO ECONOMIA