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Veja o radar que vigia a barragem com risco de rompimento em Macacos

São Sebastião das Águas Claras passou por momentos de terror há quase dois meses, quando os moradores tiveram de deixar suas casas diante do risco iminente de rompimento da Barragem B3/B4, na Mina Mar Azul, em Nova Lima. Desde então, a população do distrito, apelidado de Macacos, vive misto de medo e apreensão sem saber se represa pode a qualquer momento colapsar. O radar para fazer o monitoramento da estrutura, acionou o nível 3 de  no dia 27 em Macacos. Equipamentos semelhantes são utilizados para monitorar desastres naturais, como erupção vulcânica e abalos sísmicos. A literatura científica aponta eficiência no uso desses radares para prever desastres naturais.

A estrutura, que consta de veículo motorizado e antena parabólica, está localizada a cerca de 1 quilômetro da frente da barragem e pode ser vista pelos moradores. Também é possível ver antenas nas bases da barragem. A Vale confirmou, por meio da assessoria de imprensa, o uso do radar. A medida de prevenção foi implantada por determinação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). “A B3/B4 adotou o radar como mais uma medida preventiva e complementar para reforçar a segurança da estrutura. O radar é capaz de detectar movimentações milimétricas na barragem”, informou a empresa.

A Vale, porém, não explicou o funcionamento. O EM procurou especialistas para detalhar esse sistema de monitoramento. Trata-se do método Interferometria de Radar de Abertura Sintética (InSAR), usado no monitoramento milimétrico de deslocamentos de massas. A tecnologia é descrita pela Divisão de Processamento de Imagens, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (DPI/INPE), o termo radar (radio detection and ranging) tem sido utilizado de forma genérica para classificar os sistemas que operam na faixa de frequência de microondas.

Costuma ser empregado porque a região espectral de operação permite alta transmissão das ondas eletromagnéticas na atmosfera independentemente da iluminação solar, podendo assim gerar imagens sob as condições mais adversas. Tem aplicação na geologia, agricultura, cartografia, hidrologia, oceanografia, entre outras áreas.

O InSAR utiliza duas ou mais imagens de satélite para medir mudanças de fases consecutivas do sinal de radar que são adquiridas em posições e atitudes idênticas, porém em momentos diferentes. O deslocamento no terreno, caso ocorra, pode ser observado por meio da defasagem do sinal de fase entre as duas posições. Os deslocamentos do terreno podem ser medidos com a precisão de um milímetro.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


SUSTO
 Desde 16 de março, Macacos sofre com o temor de ser atingido por mais um rompimento de barragem em Minas, com queda do turismo, a principal fonte de renda do município, o risco de as crianças, em idade escolar, perderem o ano letivo por não ter onde estudar, e o medo constante de ver se repetirem as cenas das tsunami de lama e rejeito que tomaram os distritos de Mariana, em 5 de novembro de 2015, e Brumadinho, em 25 de janeiro deste ano.

Um dos moradores mais conhecidos de Macacos, o comerciante Márcio Rodrigues, de 46 anos, vê como positiva a instalação do radar. “A presença do radar ajuda. Assim, a gente sabe que está sendo feito o monitoramento mais de perto”, afirma Márcio, dono de um bar que leva seu nome. Ele lembra que a Barragem B3/B4 é uma herança da Mineração Rio Verde. “Ela está inativa há 18 anos, desde 2001, quando ocorreu o rompimento de outra barragem que fica próxima. Era da Mineração Rio Verde, passou para a MBR e a Vale arrendou por 30 anos”, comenta.

Com 55 metros de altura, a barragem B3/B4 contém 1,896 milhão de metros cúbicos de rejeitos da extração de minério de ferro. Na noite do dia 16, um sábado, a Vale elevou para o nível 2 o Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração para a Barragem B3/B4. Cerca de 200 pessoas foram retiradas de residências e estabelecimentos comerciais. Onze dias depois, foi acionado o nível 3 de emergência.

BARRAGENS EM RISCO Em 27 e 28 de março, a Vale acionou o nível 3 de emergência também para as barragens de rejeitos Forquilhas I e II, em Ouro Preto. Todas as barragens foram construídas com a metodologia de alteamento a montante, de rejeitos de minério de ferro. Além da barragem em Macacos, a empresa levou o equipamento para as barragens Sul Superior, em Barão de Cocais, Forquilhas I e III, na Mina Fábrica, Ouro Preto, Vargem Grande, Complexo Vargem Grande, em Nova Lima, B6 em Córrego do Feijão, em Brumadinho; e também a B1, para monitoramento da massa rompida.

Um comentário

  1. ABSURDO QUE ESSAS MINERADORAS LIDERADAS PELA VALE S/A CONTINUEM A POLUIR E ACABAR COM OS MANANCIAIS DE ÁGUA. Cadê CODEMA, FEAM, COPAM e outros Órgãos de controle ambiental mantidos COM OS IMPOSTOS QUE PAGAMOS e que tem a obrigação legal de agir quando são demandados: IGAM, Comitê da Bacia do Rio das Velhas, Subcomitês das bacias dos Rios, IEF, IBAMA, ICMBio, MPMG, e outros? Será que nenhum destes Órgãos vai resolver as questões desta mineradora que matou centenas de pessoas e nascentes de água em Mariana, Itabirito, Moeda, Brumadinho e Barão de Cocais?

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