Talentos e sentimentos revelados no ‘Festival Todos os Sons’, em Ouro Preto
O cenário setecentista do Largo do Rosário tornou-se palco de oportunidades para cantores, intérpretes e compositores dos mais variados estilos musicais. Ao longo de todo o processo, foram cerca de 500 músicas inscritas. Após um árduo e meticuloso trabalho, os jurados Alexandre Kassin, Iuri Freiberger e Barral Lima, que também assina a idealização e produção do festival, selecionaram dez canções para a apresentação final. E os artistas e bandas finalistas do ‘Todos os Sons’ que ascenderam ao palco no encerramento da grande festa, no dia 9 de junho, foram: Andrea Bazan, Luiza Gaião, Manu Dias, O Tarot, Sara Não Tem Nome, Dolores 602, Mordomo, Felipe D’Angelo, BAKA e Neghaum.
No palco do Rosário, mais um desafio para os competentes e respeitados profissionais encarregados de julgar o potencial das canções apresentadas e selecionar, ao vivo, os vencedores da primeira edição do festival da canção de Ouro Preto. Após rigorosa análise e debate entre os jurados, o resultado oficial foi anunciado. “Mi Lado Pampeano”, de Andrea Bazan, ficou em terceiro lugar, e “DejáVu”, da banda Sara Não Tem Nome, em segundo. Mas quem faturou mesmo o primeiríssimo lugar no ‘Festival Todos os Sons’ edição 2019 foi o Hip-hop do intérprete Neghaum, e sua música “Na Fé”.
Visivelmente emocionada, a argentina Andrea Bazan, que há dez anos é moradora do distrito de Santo Antônio do Leite, celebrou a conquista, elogiou a iniciativa do festival “em apostar na cultura” e declarou sua felicidade, também, “por fazer parte dessa cidade, que é meu segundo lar no mundo”. Além dela, a cantora e compositora Luiza Gaião, que levou o ‘Prêmio Melhor Letra’ com a canção “Pacífico”, também sustenta raízes em Ouro Preto. Já o Prêmio de ‘Melhor Intérprete’ foi para grupo Tarot, com a música “Certezas Supostas”.
Para o momento da entrega das premiações, a produção do Festival chamou ao palco autoridades locais, os secretários Felipe Guerra (Turismo, Indústria e Comércio) e Zaqueu Astoni (Cultura e Patrimônio). Já o Neghaum, grande vencedor da rodada, recebeu o troféu das mãos do prefeito Júlio Pimenta.
Para fechar a festa, subiu ao palco o famigerado Lô Borges, ícone do ‘Clube da Esquina’, representante voraz do maior, porventura o único, movimento musical genuinamente mineiro. Como nos áureos tempos dos bons festivais da música brasileira, o enorme público que ocupou a ladeira, situada entre igreja e casarios, cantou junto com ele, claramente encantada, as canções atemporais que, assim como a cidade de Ouro Preto, integram o conjunto de histórias e memórias da nossa Minas Gerais.
Ao testemunhar aquele momento de sonoridades plenas, de lembranças invadindo a alma, ouso não resistir e registrar, nessa matéria, o que me foi revelado ali, no fechamento do ‘Todos os Sons’, no Rosário : ao “ouvi-Lô” de novo, ficou claro que nem só os sonhos não envelhecem. Os Borges também não.