Familiares e amigos fazem protesto por morte de moradora de Cachoeira do Campo; há suspeita de feminicídio
Sete dias se passaram desde a morte de Dhayane Manoela Tomaz, de 27 anos, moradora de Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, que faleceu no último dia 05 de dezembro, vítima de um acidente de carro. Um protesto pacifico foi realizado na manhã deste domingo (11), na BR-356, próximo ao Viaduto do Funil, no local onde Dhayane perdeu sua vida.
Faixas como “Não foi acidente, foi crime!” e “Família clama por justiça! Que a justiça seja feita” foram levadas para a rodovia, após a realização da missa de sétimo dia, celebrada na Igreja Matriz Nossa Senhora de Nazaré, também em Cachoeira do Campo.
Familiares e amigos da jovem se reuniram para prestar uma homenagem e também para manifestar um pedido por justiça. As pessoas presentes no protesto fizeram uma oração em memória de Dhayane. O pai da jovem aproveitou para cobrar que as autoridades investiguem o caso. “Eu quero que o delegado ouça ele (filho de Dhayane) o mais rápido possível”, disse o pai de Dhayane.
Isso porque, após uma revelação do filho de Dhayane, uma criança de 8 anos, que também estava no veículo envolvido no acidente e conseguiu sobreviver, o caso pode se tratar de um crime de feminicídio.
A criança afirmou que Dhayane e seu namorado, com quem ela estava há cerca de 6 ou 7 meses, tiveram um desentendimento em um bar. “Por volta de 00:30 da madrugada de segunda-feira, eles estavam indo para casa da tia da minha irmã, onde ela morava, e começaram a discutir, segundo meu sobrinho. Foi onde ele desviou a rota e pegou a rodovia, sentido a Ouro Preto, indo até o Viaduto do Funil”, afirmou Tatiane, irmã de Dhayane.
Ainda de acordo com a criança, o homem teria anunciado que jogaria o carro em uma ribanceira para que os três morressem. Dhayane acabou sendo a única vítima fatal do acidente. A criança teve ferimentos leves, assim como o condutor do veículo, que não sofreu complicações após a queda do veículo.
“Até então, achávamos que tinha sido um acidente, mas meu sobrinho nos contou que o B. (nome do companheiro da Dhayane) falou que ia matar todos que estavam no carro, inclusive ele próprio”, disse a irmã da vítima.
A primeira pessoa a quem o menor contou sobre a discussão do casal e a possível afirmação do namorado de sua mãe foi para uma amiga da família, ainda na noite do acidente. Após a revelação da criança, a família de Dhayane, então, passou a defender que ela foi vítima de um feminicídio.
A irmã de Dhayane acredita que a versão da criança é verdadeira porque não há marcas no asfalto da rodovia que indiquem uma tentativa de impedir que o veículo caísse na ribanceira. “Ele (filho de Dhayane) era muito agarrado nela e está muito traumatizado. Ele não ia mentir para nós, por isso acredito que deva ter acontecido isso mesmo, até mesmo porque não tem marcas no asfalto. Se tivesse sido um caso de perda de controle, teria marcas no asfalto. São muitas coisas que levam a crer que foi feminicídio”, acrescentou.
A família de Dhayane foi até a Polícia Civil e o namorado da vítima ainda estava na delegacia. Tatiane contou que um sargento teria dito que o homem continuaria preso, pois tratava-se de um crime inafiançável. “O sargento falou que ele continuaria preso; que era um crime inafiançável, porque havia consumo de álcool; que nós tínhamos que aguardar de 30 a 40 dias para sair o resultado da perícia. Até assustamos com a notícia de que ele estava solto na manhã do dia seguinte. Por isso estamos revoltados”, revelou.
De acordo com a família, o homem foi preso em flagrante, por homicídio e lesão corporal, sob efeito de álcool. Entretanto, ele teria sido solto após pagar uma fiança, pois o caso teria sido tratado como um crime de trânsito.
“Ele foi preso mas já foi solto porque pagou fiança, pelo que estamos sabendo, porque foi um crime de trânsito, porque ele estava embriagado, mas na verdade não foi; Foi um feminicídio; ele quis fazer isso. Queremos justiça. Que ele seja preso e pague pelo que fez. O que eu quero é que o culpado seja punido. Foi minha irmã a vítima do ‘acidente’. Ele tirou a vida de uma mãe, de uma irmã”, enfatizou Tatiane.
A família agora quer que o caso seja investigado e que haja justiça. Se comprovado o crime de feminicídio, o suspeito receber uma pena de reclusão de 12 a 30 anos , segundo a Lei nº 13.104, de 2015, com aumento de pena de um terço até a metade, em razão da presença da criança, descendente da vítima, no momento do ocorrido.
“Eu vou viver a minha vida, de agora pra frente, em prol da minha filha. E vocês podem ter certeza disso: pode demorar 10 ou 20 anos, mas que ele vai pra cadeia, ele vai! Eu tenho 51 anos. Se eu viver 60 anos, serão 9 anos que eu vou viver pra isso”, disse o pai de Dhayane no protesto.
Veja mais registros do protesto realizado por familiares e amigos de Dhayane neste domingo: