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R$ 23 mil: e se começássemos a moralizar Itabirito diminuindo o salário do prefeito?

Texto do jornalista Romeu Arcanjo

Recentemente, um comissionado da Prefeitura de Itabirito propôs fechamento da Câmara. Um verdadeiro delírio. Um atentado à democracia.

 

Segundo ele, a Casa Legislativa gasta demais e recebe “verbas esquisitas”. A palavra “esquisita” está intimamente ligada à seguinte ideia: “não sei, não quero saber, mas ‘jogo pra galera’ com a intenção de ‘causar'”. Ele cita, por exemplo, as diárias da Câmara (dinheiro recebido por vereadores e servidores em viagens a trabalho). Essas diárias da Câmara itabiritense, além de previstas em lei, obedecem às normas elaboradas a partir de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o aval do Ministério Público (MP). E por falar em MP, os promotores também recebem diárias. Portanto, não há roubo aos cofres públicos.

 

E por incrível que pareça, a Prefeitura também tem diárias. E pasme: segue um modelo de pagamento não tão indicado pelo Tribunal de Contas (o adiantamento).

 

A questão é: se a ordem é “moralizar” a coisa pública, o que dizer do salário do prefeito Orlando Caldeira? De R$ 23.018,62. E dos secretários? De R$ 10.531,00.

 

No caso do prefeito, seria, mais ou menos, como ganhar um carro popular zero a cada dois meses.

Por que é que esses “bastiões da moralidade de Facebook” não falam nada a respeito desses salários que poderiam ser considerados, por muitos, como “imorais”? Resposta: porque os ataques partem de membros do grupo do prefeito, e têm objetivos (únicos e exclusivos) eleitorais.

 

A bem da verdade, justíssima se essa “ânsia” de moralidade atingisse os altos salários do prefeito e secretários. Mesmo porque (segundo o site Catho) a média salarial do trabalhador de Minas Gerais é de R$ 2.093,93.

 

Que tal se o prefeito ganhasse o salário de vereador (de cerca de R$ 5.000)?

 

Numa pesquisa rápida pela web, é possível encontrar exemplos de cidades em que os salários de prefeitos e secretários foram diminuídos.

 

Mas a ordem para os justiceiros de Facebook é (somente) atacar a Câmara (de maioria oposicionista). O ataque é tão atrapalhadamente orquestrado que não poupa nem sequer vereadores de situação (do lado do prefeito). Isso acontece porque muitos dos “moralistas” (dos grupos de Facebook) são futuros candidatos a vereador.

 

A intenção é passar a noção de que todos os problemas de Itabirito são culpa dos atuais vereadores.

 

Portanto, “vote em mim na próxima eleição, que eu serei o vereador que resolverá boa parte dos problemas da cidade”, é isso que pensa os bambambãs das redes sociais.

 

Todavia, essa noção é equivocada por causa um detalhe importante: é o Poder Executivo que “manda” na cidade. Não o Legislativo.

 

É a mando do prefeito Orlando que a coleta de lixo atual se tornou ineficiente. É a mando do prefeito que os buracos são tapados ao deus-dará (isso quando são tapados), e é de responsabilidade do prefeito o mato que tomou conta de cada canto da cidade. Ou seja, o prefeito não dá conta do básico.

 

E como se não bastasse, não são poucas as reclamações, cada vez maiores, contra a saúde (como a superlotação da UPA, por exemplo). Isso sem falar na tentativa de fechamento de instituições de ensino (creche, por exemplo). Tudo isso, passa pelo crivo do prefeito.

 

E “por fim”, passa também pelo prefeito as empresas que chegam à cidade e chamam grande número de trabalhadores de fora para ocupar as vagas.

 

Todos sabem que quem muda a cidade é a Prefeitura. A Câmara tem papel coadjuvante. E se o prefeito for competente, não terá problemas em aprovar projetos, mesmo com uma Câmara oposicionista. Mesmo porque nenhum vereador é inocente a ponto de “querer” o povo contra ele.

 

A tentativa de desmoralização não só da Câmara, mas da atual oposição, via Facebook, passa (insistentemente) pela lembrança da saída do então prefeito Alex Salvador e pela Operação Pedra Vermelha. Como se os “pecadores” já não estivessem pagando pelos erros cometidos.

 

É de bom tom salientar que o caso do ex-prefeito e a operação citada são dois fatos distintos. Isso porque Alex não foi acusado pela Pedra Vermelha, o problema dele foi de cunho eleitoral. O ex-prefeito já pagou pelo erro: foi cassado e está inelegível.

 

E quando o assunto é inelegibilidade, o ex-prefeito, Manoel da Mota, também está nesta situação.

 

E por falar em Manoel, um superintendente (ganhando mais de R$ 7.000) da atual Prefeitura já ensinou, em vídeo, como furtar materiais do pátio municipal. Ele sempre foi um grande apoiador de Manoel. Este fato é uma das várias provas de que parte considerável do grupo que está na Prefeitura de Orlando tem fortes raízes no “manoelismo”.

 

Voltando à Pedra Vermelha, TODOS os envolvidos estão sendo investigados. O que se espera é que eles paguem de fato pelos erros. Quem não está sendo investigado (caso de 100% dos vereadores atuais de Itabirito) não tem envolvimento.

 

Resumo da história: a campanha contra a Casa Legislativa de Itabirito é orquestrada por servidores comissionados da Prefeitura, que recebem de R$ 3.000 a R$ 4.000 por mês (alguns têm até gordas gratificações), e muitos desses “lacradores” (mesmo não sendo comissionados ou mesmo não estando trabalhando na Prefeitura) têm a intenção de se candidatar a vereador apoiados pelo grupo do atual prefeito. Ou seja, eles querem aparecer para uma audiência limitada, mas barulhenta.

 

E se “esse pessoal” ganhasse a eleição para a vereança, será que os problemas de Itabirito seriam resolvidos? Faça sua aposta.

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