No próximo sábado (17), o Centro Acadêmico de História da Universidade Federal de Ouro Preto (Cahis-Ufop), por meio da Chapa Charles Vive, que está em processo eleitoral, realizará o Memorial Charles, presente. Será uma homenagem ao jovem estudante Charles Wallace dos Reis, de 23 anos, que foi encontrado morto dentro de uma cela da delegacia de Ouro Preto, no dia 21 de agosto.
Jeanete Alves, mãe de Charles, confirmou ao Sou Notícia que estará presente na homenagem, que vai acontecer no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), em Mariana.
“Será um momento para lembrarmos dele, fazermos viva sua memória. Contaremos com a participação de todo corpo discente, docente, da família de Charles e da República Cangaço”, afirma o Cahis.
O propósito do ato é compartilhar memórias sobre Charles e sobre a luta que ele representava. Charles era negro, gay e militante de movimentos sociais. Uma figura conhecida por sua atuação nas lutas em defesa das minorias em Itabirito, cidade na qual morava antes de partir rumo a Mariana, onde cursava história na Ufop.
A programação do memorial inclui um café da manhã no jardim da G-20, dentro do Ichs, das 9h até as 9:30h. Depois, será exibido um documentário autoral do Charles no auditório da G-20, entre as 9h30 e 10h. Em seguida, acontecerá o Memorial Charles, presente, das 10 às 11h, perto do redondo, um espaço localizado no pátio da instituição. Por fim, das 11 às 12h, haverá o plantio de uma árvore e uma roda de conversa sobre saúde mental e outras questões.
Caso Charles
As circunstâncias da morte de Charles geraram questionamentos de familiares e amigos. O que se sabe é que o jovem teria discutido com seu parceiro em uma festa, realizada em Mariana, e ambos foram conduzidos para a delegacia de plantão, em Ouro Preto. Na unidade policial, dentro de uma cela, segundo a Polícia Militar, Charles teria tirado a própria vida com uso de um tirante (cordão) de uma caneca.
À epoca, Jeanete conversou com o Sou Notícia e questionou a falta de acolhimento ao filho, já que Charles lutava contra uma depressão e foi deixado sozinho, dentro da cela. “Ele precisava era de ajuda. Ele tinha medo de ficar sozinho. Coitado, não consigo nem imaginar no desespero que ele passou. Meu coração dói tanto só de imaginar o que fizeram com ele”, lamentou a mãe.
